quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Uma viagem


Volto atrás e abandono a solidão,
Prefiro a exaltação das palavras pintadas,
Das palavras que correm ao sabor da mão,
Que preenchem os espaços de um papel usado.
Os olhares pacíficos, com os quais não encontro respostas
E com os quais perturbo as almas tranquilas,
Não ajudam e só aumentam a curiosidade.
Sem exultação superei a batalha para além do cabo do medo.
Continuo a acreditar que todas as palavras possuem máscaras,
Ainda que me afiancem que não, mesmo as palavras
Mansas.

Que alegria no reencontro comigo,
Dentro destas muralhas de sonho e projectos,
Nesta ilha vulcânica pronta a explodir,
Mas prudentemente adormecida.
Este mundo isola-se e afasta-se,
Longe vai o tempo em que se lançavam pontes,
Quiméricas ligações, de arrojo inocente.
Os enganos trazem a identificação dos gigantes,
Invenções bélicas de substância pura
Mas, agora, sabe-me bem esta felicidade
Espontânea.

Já não me recordava do gosto das viagens descontraídas,
Desta vontade de permanecer acordado;
Desta vontade de contrariar o cansaço e o sono;
Desta vontade de criar abismos e arrasar montanhas;
Desta vontade de desprender e tardar;
Desta vontade de contrariar as leis da física.
Sorria, de forma tão natural, eu, que já temo ser feliz;
Eu e as dores das cicatrizes fechadas;
Eu e as linhas de projectos abertos;
E risco os atalhos e os desvios para permanecer neste carreiro
Simples.

Ainda me resta algum tempo, enquanto me preparo;
Enquanto me encontro sereno e leve;
Enquanto me encaminho para o fim
E este é o tempo perfeito para sentir a paz.

8 comentários:

  1. Precisas de perceber as intenções por detrás das acções, das palavras. Precisas de saber o que há por detrás delas. Porque crês sempre existir algo mesmo que mascarado.
    Concordo com isso.

    P.s. Ou talvez não precises tu de nada disto, e seja eu que precise.

    ResponderEliminar
  2. Na verdade, também preciso (necessito - quis desmascarar o "preciso").

    ;)

    ResponderEliminar
  3. Ou é mania da perseguição mas de há dois dias para cá penso que só vejo máscaras...Deve ser da proximidade do Carnaval. :) Não gosto de mascarar nada, mas talvez devesse...Talvez me protegesse mais. E por vezes odeio-me por não me "cuidar" e ser tão absolutamente simples que chego a ser primária. Beijinho amigo espero que consigas destrinçar as palavras e decifrar tudo o que é "falso" ou velado. Bom resto de dia e perdoa-me se hoje estou um bocado "down" Abraço.

    ResponderEliminar
  4. Ai, Noctívaga! Eu vejo máscaras todos os dias. Uma coisa é a necessidade de protegermo-nos, outra é a invenção, farsa, e que nem é o tema principal do poema. Não estou a "falar" de ti, amiga, nem tenho um destinatário (ou destinatários) específico(s).
    Um beijinho

    ResponderEliminar
  5. Identifico-me em parte com o que escreves, sinto uma necessidade tremenda de sair dos "limites seguros" e aventurar-me. Há imensa coisa por esse mundo fora que ainda não descobri. Se calhar também eu temo ser feliz.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  6. Olá Henrique! vim deixar-te um beijinho e ler-te como é hábito. Espero que estejas bem que tudo esteja calmo. Peço-te desculpa de ter sido um pouco inoportuna a comentar o poema anterior mas não fiz por mal. Um abraço. Uma boa noite. Desejo-te um óptimo dia de amanhã. E um bfsemana.

    ResponderEliminar
  7. ;)
    Olá, I!
    (Suou-me estranho chamar-te Quinteto)
    Eu creio que me perco em, e por, palavras, cada vez mais cercado por elas (palavras), num mundo que parece uma ilha demasiado pequena.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  8. Olá, Noctívaga!
    Não mal algum para poder desculpar-te.
    Boa noite e um beijinho

    ResponderEliminar

Obrigado, pelo seu comentário!