No dorso de um
sonho de água
Montada numa
vontade de brisa,
No momento em que
não há Lua ou Sol,
Solto um brado de
azul
E um suspiro
verde e alcalino.
Contenho um olhar
de mar e toco-te.
Reproduzes a
música serena de arrebatamento
E toco-te, de
novo, em branco.
O som espraia-se
na areia da existência
E volatilizas o
discernimento da altura
Que condensa a
minha vertigem.
Não fosse uma
fantasia,
Cairia no fundo
da cascata do êxtase
À hora rala dos
arrepios antecessores.
Lês a calma e a
tempestade dos bardos
No tom compassado
de um ritmo,
Ternário, a
compasso de bola de sabão
E tocas-me no
âmago de um afecto
Exposto e
inquieto.
Não grito,
Fui apanhado a
sorrir
Nas tornas mudas
do retiro
E retiro o lume de
uma quimera,
Tão lisa e
empolada,
Tantas vezes
silenciada,
Que se comprime
numa atmosfera,
De vida, entre
outros dois mundos,
Paralelos,
verdadeiros e concretos.
O arco de boca
lança um beijo,
Ardente.
Vou, de novo,
No dorso de um
sonho de água
Montada numa
vontade de brisa.
Enrolam-se mãos
de estonteamento
No gosto das
divisões e permutas de alma,
Desejo de muitas
contas e motivos,
Quando caem as
lágrimas de devaneio de costas cansadas
Que cavalgam a
escolha de uma aragem mortiça.
O respiro de um
sujeito sem predicado
Que se arroja num
peito de utopia
E o teu peito no
meu peito é uma pauta
Com uma textura
de canções de amor.
O amor, de novo
amor,
O pouco de nada e
o pouco de coisa nenhuma
Fixo numa tela onde
pinto abraços que libertam.
O ensejo serôdio agarrado
a um círio longínquo,
Nas voltas que
respiram a regresso,
E as nuvens purpura
que falam de nós em nós,
Em braços que
tecem laços.
Roça o vento a
destempo numa sucessão de carícias
Que me lembram o
abismo e o medo,
Que furta os
sonhos,
Na melodia plácida
e laranja das evidências.
De outro modo
crescem as heras,
Em eras e em
muros,
Num intervalo de
tempo sem data, sem prazo.
Vou,
Talvez às costas
de um dia amarelo,
No átomo que me
identifica,
Na essência que
me compõe,
No dorso de um
sonho de água
Montada numa
vontade de brisa.
Fico na hora de
acordar,
Próximo das linhas
que arruínam a paisagem.
Tomo, sem parar,
duas ou três ruas de desejo
Que se envolve em
muitas histórias de engano;
Levo a patente à
calçada de vago acordo
E ando até ao fim
do mundo, que raso,
Antes de recolher
o rubro do teu encanto
Que apenas logro imaginar.
***** Fantástico!
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigado, Laura!
EliminarBeijinho
«...numa tela onde pinto abraços que libertam.»
ResponderEliminarQue dizer... Gosto muito do poema!
Olá, Vera!
EliminarObrigado!
só te posso dizer que me estou a deliciar a ler os teus poemas, " num dorso de um sonho de água" que beleza,
ResponderEliminarbeijinhos
O meu humilde, mas sincero, obrigado, Luna!
EliminarBeijinho