Explica-me, amor,
para que eu consiga entender,
Os porquês das
verdades imperfeitas,
Mutiladas,
inacabadas, desfeitas
E que variam sem
regras e com o querer.
Realidades
aparentes e desgarradas,
Em vocábulos sem
nexo e vazios:
O jogo das palavras
multiplicadas.
Os porquês dos
sonhos incompletos,
Truncados,
ilegíveis e incompreendidos.
Idealidade
frustrada na ilusão dos sentidos,
Em névoas de
desejos concretos.
A fantasia que
adoça a amargura,
Em suaves termos
sem vínculo,
E que, outras vezes,
acidifica a brandura.
Os porquês dos
desejos autênticos retraídos,
Reservados,
tímidos e discretos;
Dos anseios
incertos e incompletos,
Que de tão
intensos e certos parecem fingidos.
Os caprichos
insondáveis e inconsistentes
Nas oscilações
vibrantes de humor,
Carregos e
tropeços para pessoas descontentes.
Os porquês da
persistente incompreensão,
Intolerância
usurária ou fingida e fanatismos;
A solidariedade
que chega em teatrais dramatismos;
O fictício ombro
amigo, de extremosa compaixão.
A força de não
aceitar as diferenças esmaga a minoria
Contraída, que
crispa em outra força de vingança.
Os porquês dos
sorrisos pálidos, forçados, contrafeitos,
Na lenta espera do
agrado conveniente que desculpabiliza.
Mostrar forças que
não se tem, em ânsia que se concretiza,
No arquear
manifesto de trejeitos que se mostram satisfeitos.
E essas alegrias
figurativas de consolação cortês, forçadas,
Que povoam de
comiseração os mais desvalidos ou pobres,
Em dádivas de
migalhas sujas: Sobras espezinhadas.
Os porquês dos
embustes, das manhas, dos ardis,
Artifícios
apoiados e sustentados na falta de diafanidade;
Da crueza pintada
e descrita como uma necessidade,
Urgente, no
enganador combate às presunções senhoris;
Do protocolo
rígido de uma aparência elegante, adoptada,
Que aponta para as
miragens de uma alma constrangida,
No presente
póstumo de uma herança furtiva e forçada.
Os porquês dos
olhares ausentes, despojados;
Dos esgares
compassivos, sem cálculo, ao abandono;
Da moderação que
vê sem olhar e com sono,
Nuns olhos
mortiços, vagos e descarregados;
Da visão desfocada
num ponto do infinito,
Sem confiança e
certeza de tamanho ou medida;
Da inexpressiva
representação fria do grito.
Os porquês de
muitas outras perguntas volúveis
Que nos assaltam,
com ou sem pudor, diariamente;
Das incursões de
acerto meditativo de um demente;
Das vidas
impetuosas, célebres, extasiadas e solúveis.
Explica-me porque
urge o tempo perdido
Na voragem, e em
prol, de uma modernidade.
Eu escuto. Porquê,
amor desconhecido?
Tu também. Tantas perguntas. Pensei que só eu fosse inquisidora, louca a ponto de querer saber tudo de quem nada me diz. E se me dissesse de que adiantaria? A maior parte não ouviria por querer fugir e não aguentar e ainda assim ficaria, para ao ouvir me situar... Perdida no tempo, nas brumas do disfarce que não destrinço e da revolta que me é dirigida. A bofetada fácil,o corte incisivo, destrutivo... em tudo e no nada... Tanto que eu também me pergunto e nada obtenho...Num amor Desconhecido? Sem tamanho!
ResponderEliminarAdorei o teu poema como sempre fez-me pensar muito enquanto lia e perdoa-me se me atrevi a expressar-me assim, mas quase confissão é sentido, como o teu sentir se sente tão abrangente. Obrigada por escreveres assim. Um beijinho. Bom dia de amanhã.
Olá, Noctívaga!
ResponderEliminarAgradeço-te, sinceramente, o comentário, a visita e tua bondade.
Desejo-te um bom dia, também.
Beijinhos
Li este post nos dias em que estive meio ausente mas a intensidade que alberga é tão forte que não arranjei na altura palavras para comentar.
ResponderEliminarPensei que hoje conseguiria. mas ao que parece não consigo. Gostei demais!
Beijinho :)