A infusão a fazer as contas a vida, com o seu vapor
a subir pelo frio do ar, como se quisesse alcançar a lua.
A lua a brincar com as aflorações da neblina nocturna
que vem da respiração de um capricho meteorológico.
Neblina que também brinca com a ria. A ria que exala
um hálito conciso a mar e a saudade, em partes iguais.
…
Nos dedos restam umas cicatrizes em rosado saliente
e permanecem suspensos na necessária imobilidade,
a suficiente para mapear o corpo do ar, calmamente.
Os rebentos de afectos espreitam a sua oportunidade.
O corpo assimila o visível e o invisível do espaço cénico,
pelos vários sentidos, e cria imagens de intemporalidade;
emite um calor envolvente, uma aura imperturbável,
que limpa todo o volúvel do futuro e salda o negativo
de todos os anos de existência matemática e métrica.
...
A infusão acomodou-se na chávena e arrefeceu; a lua
existe, mas já não está visível; a neblina transmutou
e é, agora, nevoeiro; a ria continua a ser ria e discreta;
e o corpo, absoluta e totalmente, sorri, fora e dentro.
[sobrevoo]
Fantástica forma de escrever poesia :)
ResponderEliminarBeijinhos
Sinto que as asas são para promover todo este voo poético.
ResponderEliminarBjks
:)
Maravilhoso este voo interior, que este teu poema percorreu... produzindo um sorriso... ou a materialização de um poema...
ResponderEliminarBeijinho
Ana