segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Descompressão




A sombra descansa nos ternos braços da noite impávida 
de olhos fechados, cerrando, também, os seus, a sombra. 
Há um indício de cansaço, na luz de todos os olhos da casa. 
O gato espalha-se, cuidadosamente, em cima dos papeis, 
cheios de gatafunhos; patas dianteiras e cabeça sobre o teclado, 
que vigia com zelo. Reestabelece, assim, a ordem, uma certa 
ordem, que chama, a si, a atenção e a delicadeza. Afago-o 
e enrosco-me em pensamentos. Ele sabe o que há-de escrever. 


 [sobrevoo]



3 comentários:

  1. Mas eu não, não sei o que hei-de escrever. Olha: Gosto! Gosto! Gosto! :)
    Bjks

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  2. Eles sempre nos mostram os caminhos da descompressão... que cedo ou tarde, nos conduzem à inspiração... também...
    Mais um delicioso momento poético, por aqui... adorei cada palavra!
    Beijinho
    Ana

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