quinta-feira, 30 de novembro de 2017

[Volta]




Dir-me-ão que as horas não brincam, que o vazio não existe, 
enquanto estendo, ligeiro, asas de léguas, que conseguem 
não ver, e elas sentem o recôndito fio de outono mais seco 
e mais queimado, a acordar em pleno voo, de asa perdida, 
envolto em cinzas de mistério sôfrego do próprio tempo. 

Pelos meus próprios motivos, a luz espreguiça-se e o céu, 
num azul mais frio, sustém a serenidade dos fins de tarde 
de um outono de estômago cheio de horas que brincam 
na essência do vazio fundamental. Nem sei como poderia 
explicá-las sem o silêncio a florir para fora e para dentro: 
o eixo do voo, o meu conforto e meio, a minha forma. 


 [sobrevoo]



3 comentários:

  1. Maravilhoso. Amei de verdade

    Beijos e um bom fim de semana.

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  2. E o vazio, aqui... é mesmo um espaço não existente... pois todo este teu espaço, remete-nos para a imensidão, da poesia... e dos seus vôos perfeitos... em essência, e plenitude...
    Beijinho! E aguardando que tu voltes...
    Ana

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