sexta-feira, 27 de julho de 2018

Arranjo




Eu luzo para o mundo, como o mundo sol não luz.
Não porque que eu seja uma estrela, mas, porque,
do meu escuro não quero ver o espasmo alheio
de seios intumescidos e desarrumados pelas manobras
de dedos ágeis e manhosos de comiseração.

As minhas partes podem, até, escrever a melancolia
dos silêncios, de igual modo que a dos tumultos,
ou a das sombras da idade, mas tudo isso está ligado
à corrente eléctrica de um sorriso. Apenas ingenuidade.

Talvez traga julho pela mão doce e protectora do meu olhar,
a fonte da paisagem a sair da paisagem, sem nós ou grilhões,
sem denunciar os espinhos cravados no meu íntimo oculto.
Eu, o mesmo que vos vai ouvindo; o mesmo que vos vai dizendo:
Já amei, para toda a vida, mais do que uma vez na mesma vida. 


 [sobrevoo]



4 comentários:

  1. Um poema muito bem conseguido!! Amei!


    Beijo e um excelente fim de semana!

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  2. Um belo jogo de palavras e poesia, de imagens poéticas.
    Destaco: «Talvez traga julho pela mão doce e protetora do meu olhar».
    Bjks

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  3. Um poema que certamente, estará imbuído de muitos outros Julhos... que despoletaram muitos amores e momentos inesquecíveis... como são, assim mesmo... os amores de Verão...
    Como sempre, inspiração no seu melhor, por aqui...
    Beijinho! Até breve!
    Ana

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