sábado, 28 de julho de 2018

Modular




Na parte detrás do tempo, vejo a fotografia do rosto abismado 
da vida, o circuito magnético do sorriso e a ciência da verdade. 
Não houve um qualquer sentimento ou outra espécie de prisão: 
não houve tempo, que não me podem oferecer. O tempo, essa 
mesma e sempre nódoa de paciência e impaciência; que requer 
sempre mais de si e de pausa; com o seu próprio doce de insónia, 
que sustenta as suas coisas, com remoinhos de imagens. E o tempo 
de agora, embora possa ser o mesmo, ou outro, ou o tempo contínuo, 
de nada vale ao tempo, de ontem, de hoje e de amanhã. O tempo voa; 
o tempo não sai do lugar; o tempo é uma forma precisa e alcançável, 
e, simultaneamente, a forma do impreciso que teimamos em procurar. 


 [sobrevoo]



3 comentários:

  1. É sempre uma agradável surpresa ler-te e assistir a transformação das coisas triviais/banais (na aparência, algumas vezes são pequenas coisas...) em, pelo menos, pequenas maravilhas... na minha opinião... ou de que eu gosto, ou ao meu gosto! :)
    Bjks

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  2. Absolutamente exemplar... esta tua definição poética de tempo... esse intervalo... associado à nossa existência, em factos... que tanto tem de generoso... como de cruel... sempre imparável... e contudo... em permanente contagem decrescente...
    Adorei cada palavra! Beijinho
    Ana

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