quinta-feira, 18 de julho de 2024

Ausência

 
 
 
Esta cidade não é uma oliveira num cabeço, entre casas, 
Seria: Cabeço de Oliveira, não a tivesse o capricho, 
Entre névoas, transformado em Oliveira do Bairro. 
 
Chopin conduz-me, aqui, a um certo abismo de Cértima, 
Um rio plácido, por vezes tingido de barro e arrozais, 
Guardado, também, por cegonhas brancas; 
Onde longe está o mar, que mergulha em mim, areia. 
 
Abraço, também, a ausência, companheira. 
Continuo em luta com imaginários planetas retrógrados  
Que se dispuseram no meu caminho a solo, tão chão, 
Numa visão impercetível aos meus sentidos. 
Bach traz-me, agora e aqui, uma serenidade não vivida. 
E não é tudo, nem tão pouco, nem tanto assim. 
 
Os labirintos são-me outros e sem conjeturas, 
A que nunca foi dado, na desobediência à solidão; 
Outras luzes, outras cores, a mesma carência. 
As palavras dizem de mim as realidades 
De quem as quiser ler, ou com quem. 
Também te perguntas por onde andas? 
Quem és tu, agora, e quem, agora, eu sou? 
  
  
[miscelânea]
[18 de julho de 2024]
 
 
 

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