quarta-feira, 13 de outubro de 2021

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Onde mais dói no peito, no peito em dor por dentro, 
Por dentro da própria dor, que nunca é igual, 
O entendimento figura-se em gestos suspensos, 
Com as palavras que não vem e com as que só vem 
E que descem a garganta para ficar no estômago, 
Numa simultânea sensação de enfartamento e de vazio. 
Uma sensação enevoada, de fusíveis queimados, 
Ou uma névoa de queimada, com sensação, sem fusíveis. 
Sentimento evolutivo, efervescente, amargo, sedimentário. 
 
Talvez tenha falhado a ilusão a um quê de verdade, 
Ou a energia, no sobressalto de verdade incandescente. 

Em cliché, gosto da verdade, verdade, como ela é, 
Mas, a felicidade vivia descontraída na ignorância, 
Ou na alegoria da descontração sobre horizontes. 
Horizontes imaginários de outros poemas imaginários. 
Certo é, também, que falhando, ou faltando, a felicidade, 
também pode faltar, ou falhar, a verdade e seus fundos. 
Fundos que desconheceríamos se não nos tocassem 
Onde mais dói no peito, no peito em dor por dentro, 
Por dentro da própria dor, que nunca é igual. 

Hoje, sou mais frágil, não sou o mesmo. 
Amanhã, serei mais forte, não sei quem serei. 

Nada disto é absoluto, tristeza ou obscuridade. 
 
 
 
 [miscelânea]
 [03 de setembro de 2021]