Olá, aqui estou, sou de barro e sinto no meu barro o prazer
do voo.
Encontrei a incompreensão, mas, pelo menos, aprendi a
conjugar os sons;
a aquecer-me no vacilo do sol de outono; a resguardar-me das
almas
de paixões sangrentas; e a confundir-me nas sobras da
noite e sombras da lua.
A sombra não morre, a luz confere-lhe um pouco mais de dimensão
e clareza. As palavras aparecem gastas, cansadas,
espalham-se pela ideia
de existirem para além do criador e do leitor, trabalham
essa possibilidade,
mas não querem morrer. A poesia não quer morrer. O amor
não quer morrer.
Eu não quero morrer. E o céu hesita nos olhos de toda
esta urgência narrativa,
de toda esta urgência de movimento e vida, e nos olhos da
multidão impaciente,
no exacto instante em que retomo o voo. O céu não pode
falhar. Eu não posso
falhar e vivo e voo, mesmo quando o sonho falha, não voa ou
morre.
[sobrevoo]
Sempre bom ler os seus textos!
ResponderEliminarAdorei
Beijo
Uma apresentação fantástica, Henrique! Extasiante! :)
ResponderEliminarBjks
Porque será que tantos se fazem passar por pedras... quando somos todos feitos de barro?...
ResponderEliminarAonde será que se perde a essência primordial?...
Felizes dos que continuam a ser de barro... e que reconhecem que o são!... Continuam vivos... amam, sofrem e voam... de alguma forma... e falham... e continuam vivos... para poderem ter oportunidade de acertar de novo... ou falhar de novo... cada vez melhor...
Pois, só posso dizer, que aprecio a matéria prima, de que és feito...
Beijinhos
Ana