Vens vestida com aquele período concreto,
Agora, que sou cada vez mais ria e silêncio.
Não foste por mal, não é por ele que vens perto,
Nem me chegas em pequenas peças de afeto.
De que gostamos, nós, agora,
Que não tenha o mesmo gosto incerto?
Agora, que sou cada vez mais ria e silêncio.
Não foste por mal, não é por ele que vens perto,
Nem me chegas em pequenas peças de afeto.
De que gostamos, nós, agora,
Que não tenha o mesmo gosto incerto?
Os dias, sempre novos, vão-se somando,
Assomando-se ao futuro perfeito,
Tão polido e, logo, imperfeito pretérito.
Procuro, creio eu, algum conforto, andando
Dentro do sobressalto que é a poesia,
Esquecido, eu, de qualquer mérito.
Ainda vives dentro daquele exato poema,
Onde eu, precisamente, não te aprisionei,
Já tão diferente, ainda com o mesmo rosto.
O tempo certo demorou-se por ali, sem lema.
Diria, mesmo, que por ali se aninhou,
Por ali se esqueceu, sem perder o gosto.
Todo o universo aparece tonto,
Perdido entre os baralhos de signos,
Os destinos das palmas das mãos,
As coisas que não se veem nem te conto,
As sortes de um conjunto de cartas
E em fundos de chávenas de café e grãos.
Sinto o prazer de uma ligeira dor na face,
Desde o sorriso rasgado, ao olhar arregalado.
O jantar vai sair do seu impasse.
[miscelânea]
[03 de março de 2022]
Nostálgico mas belo e, simultaneamente, leve.
ResponderEliminarSem impasse, bjks
Impasse é a palavra que creio podermos associar mais a um tempo presente... e muito pouco perfeito, nesta estranha e incerta actual conjuntura, a vários níveis... assim sendo... também emocional e sensorial...
ResponderEliminarUm poema muito belo, introspectivo, e desafiante... como a vida... nos seus melhores momentos... e até mesmo nos momentos... de impasse!...
Beijinhos! Bom fim de semana! Continuação de um óptimo Setembro, e fazendo votos de que tudo esteja bem, aí desse lado!...
Tudo de bom!
Ana