Por momentos, o meu horizonte fixou-se entre
a ria, o meu sorriso e uma cauda de condensação. Um quarto de volta e ficam
invisíveis.
Uma aranha passeia-se num início de teia,
à volta e em volta da sua solidão, onde parece ocupada. Não acredito que
esteja a fingir. Talvez esteja cansada, como eu, que a deixo em paz, na sua paz,
de momento, hoje. Um quarto de volta e fica o descuido.
Quero apoiar a cabeça na inércia do sono
sem sonho, antes do momento da noite em que as palavras, os objectos e
os seres se fundem e confundem. É um momento fugaz, efémero, subtil, quase
imperceptível, mas quando se distingue, interioriza, compreende e discerne,
deixa uma marca indelével e inesquecível. Bem sei que a duração, o tempo, o
momento, são unidades de medidas relativas, dimensões condicionadas. Um quarto
de volta e saiu do vórtice.
De manhã chegará a obstinação do acordar
e do desejo, antes do cansaço. Desejo controlar o momento, o sorriso, a energia
e ser. Um quarto de volta e existo.
Insisto, regresso ao meu horizonte, a ria,
de factos invisíveis, de descuidos, de vórtices e de existências.
Olá, ‘Rique!
ResponderEliminarConheço bem essas porções de volta onde damos uma volta inteira; onde nos aproximamos e circundamos.
Gosto muito do texto!
Um beijo
Olá, Vera!
EliminarQuatro quartos de obrigado! [Ou seja, um agradecimento completo!]
Beijinho
Uma fantástica volta completa ao momento, com muitas linhas, entrelinhas e metáforas.
ResponderEliminarGosto particularmente do terceiro parágrafo. Não gosto de aranhas (não fico em pânico!), mas esta tem uma função válida no texto.
Beijinho
Olá, Laura!
EliminarÉs muito gentil, obrigado!
Beijinho
Como a aranha tecemos a nossa teia, com cuidado, com amor,afeição, mas nem sempre fica como pensamos inicialmente e na verdade ficamos enlaçados na nossa própria teia, vida complicada a dos seres viventes na Terra.
ResponderEliminarbeijinhos