Assisti à chegada da noite com as suas coisas de inverno,
ainda em outubro, ainda a tempo de um gesto perfeito.
Mas, o mundo não pára, o trabalho não avança,
nem mesmo a poesia melhora, só porque chega,
abruptamente, a sua forma precisa; a sua urgência
caucionada; o seu poder animal: tarde, já noite.
Eu não quero esperar mais; contar mais;
sentar-me na sensualidade das nuvens de Aveiro;
aquecer no esquecimento; subir ou descer, ainda.
Não quero ser a vez, a palavra, a tinta ou o papel;
nem a superfície, ou a matéria, para os dedos do frio
que se propaga na amálgama de todo este espaço,
que sabe dizer o silêncio que eu espelho
e onde ganho a paz, a força da paz, a fome da paz.
[miscelânea]
Profundidade e talento, no seu melhor, em mais uma belo momento poético...
ResponderEliminarAdorei este anoitecer que partilhas... que não nos transmite angustia... mas uma imensa paz... e a necessidade de estarmos com... e em nós mesmos...
Beijinho
Ana
É tão bom sentir a paz e é, no fundo, paz e agrado, o que sinto na ânsia e no turbilhão deste poema. Parabéns!
ResponderEliminarBjks