Olho, outra vez, e já não estás. Ficou como que uma teia
de névoa: o nosso tempo não se encontra; o momento
era o beijo e o abraço, imaginários; tu querias tudo
e tudo era no exacto instante do tudo que eu não podia
porque, eu trazia a realidade da distância colada ao
corpo
e, pior do que trazer o verão no teu inverno e o inverno
no teu verão, eu trazia o outono na tua primavera e as
flores
da minha primavera não rematavam o teu rigoroso outono;
o meu futuro era um sítio diferente, encontrava-me em ti,
mas perdia-me do teu; levantei muros e pontes
inacessíveis,
quando levavas o vento e a intenção de um horizonte que
trazias,
para lhes repararmos as linhas que não existiam, nem podiam
existir; eu cruzei e construí discursos, cada vez mais,
formais
e, no enredo de todos os fios de pensamento, a bateria
ficou
fraca. Olho, outra vez, e já não estás, de novo: choque
frontal.
[miscelânea]
E a vida, é mesmo isto... feita de desencontros, em desencontros... que nos conduzem a lugares, situações e pessoas, que nunca havíamos sonhado, que haveríamos de chegar...
ResponderEliminarAdorei este poema brilhante... que irei fanar, qualquer dia, para o destacar lá no meu canto!... :-D Vou já avisando... para não ficares chocado!... :-))
Beijinho
Ana
Há sempre o mistério do que possa ser real ou imaginário, naquilo que leio, mas sente-se uma deliciosa frontalidade neste poema. É soberbo! Parabéns!
ResponderEliminarbjks