quarta-feira, 9 de maio de 2012

Seio


Noutro momento
O tempo já não espera por mim
E houve um tempo
Ouve o tempo
Prossegue o espectáculo
Dentro do prazo
Sem data de validade
Numa expiração renovada
Que sem me acordar me desperta
Com a sua mão ausente
A fé em espelhos deformados
Princípios de nada
Não-ser de essência
Que se propaga e mistura

No fundo do seu fundo, abre os olhos
Conhece a cena de cor
E os sonhos nos vidros partidos
E na água derramada por terra
Que vive

Vive algo dentro deste peito
Outro tanto parte num veleiro
A quem chamaram “Fortuna”
Mas que se chama “Forma”
E formatado sem regresso
Não foi executado para sempre

Noutro tempo
O momento já não espera por mim
E houve um momento
Ouve o momento
Que não fala de novo
Dentro do rio sem açude
E sem estagnação
Na escora das horas
De um pesar incolor
E de coloração ser dor
Que pernoita num punhado vago

No íntimo denso das manhãs
Que já não acordam
Não ocorre um tempo
Vive um olhar que não reside
Não existem saliências caídas
Há argumentos despidos
Mantos abandonados
Mandos que não abrigam
E uma nascente conformada
Por entre caminhos esquecidos

Tive um tempo que acordava
Num tempo que não dormia
Tenho um tempo que não dorme
Num tempo que acorda
Numa brisa de dedos frios
De uma bruma dobrada
De um ancoradouro de abrigo
Desobrigado
Onde não se diz o adeus tácito
E o bem-vindo implícito
Vive nos gestos e feições

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Para mim desde que seja realmente sentido é perfeito ;)

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    2. Há dias em que sorrimos por sensatez, por acreditar que um sofrimento justifica uma causa maior, porque o que ficou é importante...
      :) Estou a sorrir.

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