Estive aqui
A feiticeira
despiu e sacudiu o xaile, oscilando-o no ar, de cima para baixo e de baixo para
cima, enquanto girava sobre si, e lançava maldições e obscenidades aos quatro grandes
ventos.
Os múltiplos engodos
surgiram, primeiro, através de sonhos que se convertiam em pesadelos, íncubos,
e, logo, em angústias e insónias. Depois, surgiam e assomavam-se várias
entidades.
- Onde estás?
– Perguntou-me, num crepúsculo, a voz melosa e melodiosa da sedução, de quem
emanavam várias temperaturas.
- Estou aqui!
– Respondi.
- Onde estás?
– Perguntou-me, numa noite velha, a voz de várias modelações de um mafarrico, de
onde provinha um intenso e ebuliente calor.
- Estou aqui!
– Respondi.
- Onde estás?
– Perguntou-me a voz cava, arrepiante e, simultaneamente, fascinante, da morte,
com uma aura fria, num amanhecer.
- Estou aqui!
– Respondi.
- Onde estás?
– Perguntou-me, num início de tarde, a voz rouca e sibilante do vento norte,
gélido.
- Estou aqui!
– Respondi.
E diversas
outras vozes chegaram, invariavelmente, com a mesma pergunta, no decorrer do
dia, durante vários dias, às quais eu respondi constante, sincera e
simplesmente com a mesma resposta - «Estou aqui!» – E, de facto, assim era, ali
estava. Até que um dia, contaram-me, não estava. Foi nesse dia que deixei de estar.
Pois este é daqueles ao meu gosto! Até no fim surpreendente. Só que espero que estejas sempre. Para lá das bruxas, demónios, ventos e até da morte. Porque a escrever assim decididamente conquistá-la-às para além da eternidade. Ficarão os teus escritos e tu em outros a que deste vida e a quem dás inspiração. Beijinho grande, adorei. espero que o fsemana seja descansado e que tudo esteja bem. Abraço.
ResponderEliminarÉs muito gentil, Noctívaga! Obrigado!
ResponderEliminarBom fim-de-semana.
Beijinho
Agora assustei-me estiveste em coma? parece algo cá algo lá, temos de vencer tantas barreiras impostas pela vida umas criadas por nós outras que nem sabemos de onde veem
ResponderEliminarbeijinhos
Não te assustes! É todo de cá (creio eu)! É lúdico, alegórico, como uma parábola. Embora o lúdico e a parábola tenham sempre algo de sonho, de real e/ou uma verdade relevante, ou conter algum preceito moral, uma moral.
EliminarBeijinho, Luna!