quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Dá-me a tua mão


Um cerrado nevoeiro
De ignomínia omitia
Uma cativa simpatia
E impedia-me de saltar certeiro
Do meu carrossel pungente
Nos teus braços de gente
Para me unir a ti
Vertigem doce e contundente

Desnudo
Liberto-me de frases
Fases
Que aludo
Senhas e termos
De lugares ermos
Confiança que questionas
No meu olhar sisudo

Procuro a minha mão na tua
No teu meu sonho
Etapa que componho
Sem passados de lua
Ou desertos de presente
A tua mão fria ou quente
Firmeza que me é estranha
Em afeição nua

Astúcias e enganos
Mostra-me os ardis
E os dizeres gentis
Que escondem manhas e danos
Que não vejo
Nem tão pouco desejo
Morais ou profanos

A viver não sinto nem quero
A dúvida por eterna confidente
Em suspeita permanente
Em busca de elucidação que exonero
A dissecar prováveis sentidos ambientais
Entre outros carnavais
Nem atrás de primeiros em missiva
Nem de segundos que não numero

Ouço-te alegremente
Passas no meio-fio
Eu vou no centro do rio
No íntimo da torrente
Não há mistério nem cio
Nem gente descontente
Que me faça esquecer-te
E que extinga este vazio

Indica-me caminhos recursivos
Vias de medianos espinhos reversivos
Para te alcançar íntegra e completa

6 comentários:

  1. Muito, muito bonito Henrique. Gostei mesmo muito. Tanto!

    Beijinho e bom fim-de-semana.

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  2. Lindissimo poema. Magnífico! Desculpa não ter vindo mais cedo comentar hoje não estou bem, mas é sempre um gosto ler o que escreves. Fazes-nos sonhar em palavras. Beijinho e bom fim de semana

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  3. Há curvas com visibilidade ofuscante em cada trecho desta tua estrada gasta por palavras conhecidas por tantos e esquecidas por muitos. Vê-se um horizonte oscilante mas real. Bom fim de semana

    (Tozzola)

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  4. Olá, Noctívaga!
    Não tenho que te desculpar por nada, só a agradecer.
    Beijinho

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