entre outras, acolho a insolvabilidade da fé.
admito não ter visto, nem ter sentido, o Natal,
nem o significado que as suas luzes espalham.
não houve prodígio, nem todo continua de pé
e eu que acredito nas palavras em geral,
nas que ajudam e nas que atrapalham.
hoje, mais feira do que segunda,
as estrelas continuam, de facto, ali,
no céu que os olhos não obtêm,
numa certeza cerebral e fecunda.
acredito na vida; que vivo, que vivi;
que estes contextos não nos convêm.
acredito em rimas brancas.
acredito em poesia que não vale um,
muito menos cêntimos até doze milhões.
giro e arranjo as palavras francas,
mesmo as que trazem o jejum
e a queda de todas as aspirações.
que a coragem sempre te afoite.
visito o bolso, continuo igual a mim:
precisamente vago, necessitado, intangível…
e acredito na chegada da noite;
no princípio que é o exato fim;
na compatibilidade incompatível.
[plano e descoberto]
[30 de dezembro de 2024]