segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

ponto de embraiagem

 
 
 
entre outras, acolho a insolvabilidade da fé. 
admito não ter visto, nem ter sentido, o Natal, 
nem o significado que as suas luzes espalham. 
não houve prodígio, nem todo continua de pé 
e eu que acredito nas palavras em geral, 
nas que ajudam e nas que atrapalham. 
 
hoje, mais feira do que segunda,  
as estrelas continuam, de facto, ali, 
no céu que os olhos não obtêm, 
numa certeza cerebral e fecunda. 
acredito na vida; que vivo, que vivi; 
que estes contextos não nos convêm. 
 
acredito em rimas brancas. 
acredito em poesia que não vale um, 
muito menos cêntimos até doze milhões. 
giro e arranjo as palavras francas, 
mesmo as que trazem o jejum 
e a queda de todas as aspirações. 
 
que a coragem sempre te afoite. 
visito o bolso, continuo igual a mim: 
precisamente vago, necessitado, intangível… 
e acredito na chegada da noite; 
no princípio que é o exato fim; 
na compatibilidade incompatível. 
 
 
 
 [plano e descoberto]
 [30 de dezembro de 2024]