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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma visão





Provavelmente magia
Energia
Num instante
Radiante
Sem ciência
Votam os arbítrios da essência
Em sentidos que se unem
Munem
Em sentimentos que se agarram
E em sinceridade sólida se amarram
Num rio de intenções
Mais do que meras projecções
Na sombra de uma memória
Que refuta qualquer glória
Na bruma de um baú
Um espectro como tu


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Soltas à solta


     Notas soltas… Pontas soltas… O conhecimento de um dia sem arbítrio, sem termo, na ciência da memoração; num lapso que se repete, repisa e rediz. A concepção do tempo e da sua duração frustrasse, dissipasse, extinguisse, em mim, e regressam, uma e outra vez, as distâncias, os intervalos, os hiatos, ligados por velhas, e já assinaladas, pontes elásticas sobre linhas de água sem paralelo.

     Quero a serra e o mar. Talvez devesse viver numa ilha, mas como pode uma ilha viver em outra ilha?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Retrato

     Consigo ouvir-te ao longe num tom sério, sem ser grave, e sereno, misturado no marulhar de um mar que se agiganta. Procuro ver-te ao vivo, sentada, matizada pelo Sol, dobrada sobre o ventre, a segurar as pernas, como se receasses poder partir sem vontade. Um livro aberto, pousado ao teu lado, com um carinho que só eu consigo ver, sobre uma carteira colorida para o proteger da areia, folheado brandamente pelo vento. O vento, transformado em brisa, que transporta o teu odor, combinado com o perfume e a maresia. Brisa que me toca, que me afaga e que me arrefece sem me abrandar.

     Deleite de sentidos.

     Sinto que me torno denso, enquanto percorro os meus dilemas de pensamento lateral. Penso de novo. Repito-me. Diluir também não me parece uma solução arrazoada; iludir resultará num adiamento do encontro com a verdade.

     Fui, por fim, tomado, primeiro pela penumbra, depois pela obscuridade, naturais, entrecortadas pelo potente foco luminoso do gigante das riscas horizontais, farol que serve de guia para uns e que me denuncia, a espaços.

     Universo, actuar e tempo. Sobra-me espaço, falta-me espaço e dou espaço.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Extensão indistinta


Aguardo o meu espaço sobre a hora,
Não consigo deixar de ouvir os murmúrios
E as lamentações que me emolduram.
Vejo o dissipar do dia que me demora
E pressinto a chegada dos perjúrios
Que prometem não deixar presente alheio;
Garantem não faltar inteireza e receio.

Alguém confessa ser imparcial; confidente,
Sem guardar segredo. É porta indiscrição,
Afinal. Continua na sequência divergente.

Ao lado espera-me a encantadora calmaria
Com uma estupidez lívida plasmada
Nos olhos semicerrados de envaidecimentos:
A noite, que iguala o céu à ria lisa e em agonia,
Quase se prolonga e adia até à minha morada;
Brinda-me a cor à nução e aos discernimentos.

21 de Novembro de 2011



nução nome feminino 1. assentimento; anuência 2. vontade; arbítrio (Do latim *nutiōne-, de nutu-, «movimento afirmativo de cabeça»?) - Porto Editora