Alegadamente, nada é da
cor que será;
Nada tem o comprimento que
teve.
Sou feliz na tristeza
menos carregada.
O amanhã num outro presente se verá
E o presente pode ser outra dádiva armadilhada.
Dispenso a dúvida com que
sou condecorado,
Penso no lucro de mais um
pequeno dia.
Agarro o brilho ilusório
de um sentido,
Sem direcção, e rumo para
o lado, para onde estou virado,
De pé, vagamente orientado
e perdido.
Descubro que a Ilha, e o
insular, sou eu.
Sou o Mar, o gasoso, a
Natureza e nada,
Levemente pesado e
pesadamente leve,
Pronto para livremente
partir e ficar;
Com a consciência pesada, de quem nada deve.
O que resta já está
estragado e serve,
Num Universo que se
destrói e constrói;
Numa revolta pacífica da
explosão mansa.
É o gelo que me esquece,
que me insulta e ferve,
Na proximidade que me toca
mas nunca alcança.
De postura incorrecta,
correctamente,
Alongo o fugaz abreviado e
breve,
Num rosário de contas sem
futuro,
Vindo de um longínquo
passado presente,
Em perfume de
consistência, de brilho obscuro.
Um sorriso facial,
artificial, desenhado.
Engolir em seco e olhar
sem olhos.
Bonita? Não avalio a
grandeza da ira,
Nem a ira da grandeza do
abandonado,
Encontrada pela carência
sem mira.
Duplicam-se e dividem-se
os sentidos,
Num retorno, sem volta,
completo.
O que importa está do lado
de cá,
O lado dos pacientes e dos
destemidos,
Com impaciências e medos,
agarrados ao que há e não há.