Mostrar mensagens com a etiqueta sonho. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sonho. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

fecho os olhos lentamente







sonhei-te um dia
uma vida
numa vida de sonho
e eramos nós num sonho só
num sonho de muitos
tantos sonhos
as árvores sonharam também
e mesmo as folhas de sonhos perenes
também caiam por terras de sonhos
e passaram e passam os dias em tribulação
vi muitos sonhos e coisas
o gosto de recordar os sonhos
quando os sonhos restam
para além dos choros e dos sofrimentos
e vão-nos morrendo
também os sonhos
e na lápide um sonho
é um conflito até ao último suspiro
a imortalidade
sim
morremos
aceita o sono e o sonho
os sonhos ficarão para as crianças
e para os seus filhos
e para os filhos dos filhos
num sonho não há absurdos
a existência acrescenta sonhos ao sonho
para poder continuar a sonhar
e dura enquanto o sonho vive
e vive enquanto o sonho dura
por vezes encaixamo-nos nos sonhos
sem referências
e estes em palavras que não existem
contudo
palavras de sonho
e ficamos
assim
abraçados
sonho no sonho
e em braços que não são
e nos silêncios de ambos e de todos
mas há sonhos e sonhos
a vida é um sonho que existe dentro de um sonho
onde morremos se deixarmos morrer a memória
e morremos em todos os dias de sonho


    

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

balada




não pondero odiar o amor
passarão eras que não posso esperar
onde as memórias se irão extinguir
não há nada mais a dizer
como o poema dúctil
ninguém repara na verdade
e depois de sair do bem e do mal
venho
absorto
com o sonho que se extingue por cada dia que passa
para além dos espelhos

tocam sinos a rebate  
não é fácil o caminho
apesar de repleto de sinais
não é fácil desentrelaçar os afectos e vida
a existência racional é um emaranhado de sonhos
que conquista alegrias em eventualidades e acasos
mas o rumo toma sempre um sentido sem retorno
com o termo lançado
como um termo lançado
e não há perder ou ganhar
  
  
  

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

sonhar depois de sonhar



com o momentâneo em penumbra
outono que se assoma neste hemisfério
com uma fleuma intermediária que penetra até a alma
ou o que o represente no expoente de matéria
numa solução de palavras pontuais e derradeiras
a noite é apenas uma sombra maior
e eu sonho acordado no meu próprio horizonte


  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vindo do quase




Quase sempre, quase quase.
Não me digas que o quase fica fora de mim,
Ou que me foco e vivo no quase,
Quase em silêncio.

O sonho pode ser um quase,
Que quase nos aproxima, ou quase nos afasta,
Numa quase realidade
E eu deixei um desejo, quase pintado,
Num, quase, tu e eu.

É quase um dia,
Neste quase mundo,
Numa quase rotação,
Onde quase estamos e quase existimos,
Numa roda-viva, vida, quase.

Eu nunca serei tudo;
Eu nunca serei todo;
Eu conheço a relatividade,
Vi o seu rosto a beijar-me, ou quase,
Abraçado, ou quase, pelos seus, ou quase, braços,
E eu quase.
Eu apenas.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sonho




Há um sonho, que contém um querer simples.
Um querer desperto que afaga o subconsciente,
Onde todo é emotivo e novo,
Para o qual todas as frases parecem ter sido inventadas
E se repetem sem exaustão, vezes sem conta.
O eco, do sonho, que se propaga
Em palavras com sentimentos à flor da pele
E que ressoam no pensamento focado em emoções,
Onde se perdem, ou não se encontram, razões.
Que chega com o sabor e o odor dos sentidos,
Desenha círculos infinitos na pele sensível,
Roça as letras pelo corpo trémulo e soberano,
E fermenta a determinação de redenção.
  
  

sexta-feira, 7 de junho de 2013

porque, agora, vais comigo para todo o lado


aurorar

o cansaço possui um corpo estreito
e o corpo um encantador cansaço
com o mar eu falo a peito
que ele beijar te possa sem embaraço
da adoração a adorada e afinidade
amo-te num sonho dilema
do meu abraço o abraço
a verdade ficcionada em verdade
és do meu poema o poema



quarta-feira, 5 de junho de 2013

Por mim


Vagueira, praia

Vem do sonho da poesia,
O homem já crescido.
Consigo trás a criança, que é,
O caminho e a fantasia
De desejar ser amado e ouvido,
Muito além da distância e da fé.

Trás o toque de pele e a ponte,
Um arco-íris colossal inventado;
O aroma de um corpo e o trilho,
Apenas um presente e uma fonte;
A carência e o beijo arrebatado,
Um abraço vazio e um trocadilho.



quarta-feira, 6 de março de 2013

incluso



por um instante
sacudo a alma
e em abraços de afecto
uno o frio livre
aos sonhos povoados
sigo o calor de dentro
aguardo
paciente
enganos que saem
juntamente com os extintos
sonorosos
que me acompanham

distintos
do outro lado intrínseco
o farol orienta destinados leais
e a chaminé projecta anseios
na antiga salmoura
e sociabilizam
portadores de fé
não é fácil
nada o é
paro à entrada
perfeita e abundante frequência
saúdam-me cercos inclusos
afago a tarde das portas e janelas abertas
oásis compreensíveis
que fluem espontaneamente
e abraço-me nos braços do amanhã
onde entro
transponho as utopias de fora
o presente fecha a porta


domingo, 8 de janeiro de 2012

(Al)Faia


Foi pacificador sentir a abnegação à dimensão,
O adocicar e o abrandar do desvario de alma insegura,
No vórtice contínuo desse sentimento de faial.
Assenta como um dom, uma força poderosa;
Unifica-se em silêncios e termos,
Onde por vezes não e necessário verbalizar.

Sonhos!
Perguntam-me quem não os têm
E pergunto-o eu também.
Por vezes não são necessárias mais do que simples palavras,
[Amo-te] Quando espontâneas e experimentadas.
Não são necessários outros pesos, outras medidas,
Nem histórias extravagantes, ou docemente macabras.
É um simples sonho que simplesmente não o é
E que sendo-o tão simples como o é verdadeiramente,
Poderia não o ser e simplesmente continuar a sê-lo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Na forma de um sonho


Vem, regato, regar-me o regaço molhado,
Mas por mim não pares de correr.
Procuro, no teu leito estreito e sujo, a restituição do nada;
A forma de alcançar o meu propósito cansado;
O formato da deriva e a dimensão da rotina de viver;
A matriz do bem-querer, que se perde na enxurrada.

O amor de Maio que troveja num choco duradouro
E escorre nos resquícios de antigas astúcias e vícios,
Imprime as suas razões na tua corrente viva e viçosa,
Regato domado e sujeito às desditas da evolução sem agouro;
Desprende-se da herança e ganha novos contornos e auspícios,
Adaptados aos ajustes de uma razão rude, rápida e preguiçosa.

A casualidade de um mero acaso, único e recto,
Para a qual não tenho chave e não vejo fechadura,
No riso espontâneo que sobe pelas trepadeiras do carvalho,
(A velha e não silenciada prova de várias gerações de afecto)
Dá graças aos raios de luz que a sustenta e por eles perdura,
Enraizada em crenças que crescem frescas por cada orvalho.

Eu tenho vontade de mandar alguma coisa para outro lado,
Neste lugar abandonado e onde não há pontes por perto.
Mas sei que tudo volta. Há sempre um caminho de retorno
E, entre o troco perdido, para cada futuro há um passado.
Talvez deva regressar e ser gente, naturalmente e de certo,
Alheio, padronizado, sereno; nem frio, nem quente, nem morno.

Cabeça! Nela transporto os meus tesouros, mundos e conquistas;
Ornatos de fantasia, produção de alegria e truques de magia;
Vida, alma, energia, doçura, esperança, coragem, conceito e norma.
Por vezes, também, um boné de pala, mas nunca penachos ou cristas,
Entre tantas outras coisas a expor ou a calar, em concreto ou em alegoria.
Vai, regato, segue o teu caminho e eu sigo o sonho da forma.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Al


     Abandono o gerúndio.

     As palavras que nos unem são as mesmas palavras que nos separam e eu agarro-me às imagens para interromper a celeuma. Não te encontrei na bruma da espertina; não te encontrei na penumbra do sonho; não te encontrei na luz do facto; não te encontrei. Uma contínua paridade de ausência.

     Só eu desejei; só eu amei; só eu sonhei; só eu, só, num conjunto de evidências onde tudo continua igual, sem o meu queixume. Um sonho que é um sonho.


Sonho!
E eu, também.
Sonho!
Apalavrado de gorgulhos.
Sonho!
Expedito contratempo.

Apenas uma essência.
Perdido na noite,
Um grito surde surdo,
Não se sabe acomodar.
A minha senda.

Aveiro, 4 de Dezembro de 2011.
  

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vontade acautelada


Reservemos todas as palavras, depois destas,
E desvendemos os mistérios das curvas dos sorrisos.
Agarremo-nos aos contentamentos precisos,
E aos concretos, também, ainda, e sem arestas.

Saciemo-nos, sem saciar, com as carícias honestas,
Perlongadas e em paridade com os improvisos.
Escutemos os batimentos fortes e concisos,
Num êxtase consciente de horas modestas.

Afastemos os preconceitos próximos e distantes;
Consideremos cuidar dos afectos que disponho,
Que dispões, e juntos sermos seres felizes e errantes.

Por bem, numa missiva que não imponho,
Não importam as sentenças dos comediantes.
Poderia, acordado, perpetuar este sonho.

09 de Novembro de 2011.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Movimento de torno


Movimento de torno

O retorno torna a volta imperfeita perfeita,
Num passo pesado com passado,
Sem conta, sem medida e cego espreita
Na grande avenida da vida estreita,
Ruela multicolor, escura e de outro lado,
Sobre a luz que permanece desfeita
Numa verdade contrafeita.
Um amor e não amado,
Num jogo claro, inseguro e cinza, condenado,
De uma rua que nunca foi direita.
Recta da vida que se deita,
Não dorme, não descansa, 
Dardo lança,
E fica um, só, sonho que parte desfeiteado!