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sábado, 5 de maio de 2012

Tempo simples


Sim
Dorme
Por fim
A última centelha
A não conforme
Por concluir o dia assim

Os pedacinhos de espelho
(Pequenos charcos formados pela água da chuva)
Exibem o sorriso aberto
Em tom de concelho
Esperam que a Lua suba
E preencha o deserto
Num boletim informativo
Que fala de perspectiva
De uma qualquer alternativa
E de um qualquer motivo

O grito exclama no peito
Onde tudo importa
Onde se mantém aberta a porta
E o desejo é completo e perfeito.


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Acto ou efeito


Acto ou efeito

Onde estão os que me amimavam com palavras,
Os que me chamavam, convictos e com insistência?
Qual foi o meu pecado ou a minha inconveniência?
Serei o efeito ou o acto da poesia das minhas lavras?

Com o grito, interrompi as minhas afadigadas buscas.
Em silêncio, com o sentimento de um vazio,
Não parei no cruzamento das palavras bruscas.

Eu, ordeiro e sem sentido, desapareci,
Aborrecido com a minha insistência e teimosia.
Terei perdido a decência, mas sem hipocrisia.
Era tarde para estar só e tarde para estar ali.

Vagueei pela inconsistência da credulidade.
Falo baixo para as paredes que me aprisionam,
Que me conduzem para fora da cidade.

Afastei-me renegando o meu próprio peso,
Carregado com pesos que não eram os meus.
Suportei o incómodo da chuva e o estorvo do adeus,
Fugi do teu pavor, da tua repulsa, expulso e indefeso.

Não encontrei a ansiada guarida e o leito,
O repouso que me conduzisse à reconversão,
Apenas o teu olhar assustado e de despeito.

Olho à minha volta, demoradamente,
Sem encontrar afectos ou afeiçoados.
Não entendi os horrores e os desagrados,
A irritação, a ira e a cobiça descontente.

Apareço e não sou recebido com agrado,
Trago o incómodo, o despropósito e o excesso.
Acrescento inutilidade e um queixume apoquentado.

Não contento, nem preencho o lugar sem confusão,
Em desencontro com a dimensão de tempo e espaço.
Não te demores com a insignificância do meu traço,
Quando eu sou, tão só e apenas, a tua solidão.