Por momentos, o meu horizonte fixou-se entre
a ria, o meu sorriso e uma cauda de condensação. Um quarto de volta e ficam
invisíveis.
Uma aranha passeia-se num início de teia,
à volta e em volta da sua solidão, onde parece ocupada. Não acredito que
esteja a fingir. Talvez esteja cansada, como eu, que a deixo em paz, na sua paz,
de momento, hoje. Um quarto de volta e fica o descuido.
Quero apoiar a cabeça na inércia do sono
sem sonho, antes do momento da noite em que as palavras, os objectos e
os seres se fundem e confundem. É um momento fugaz, efémero, subtil, quase
imperceptível, mas quando se distingue, interioriza, compreende e discerne,
deixa uma marca indelével e inesquecível. Bem sei que a duração, o tempo, o
momento, são unidades de medidas relativas, dimensões condicionadas. Um quarto
de volta e saiu do vórtice.
De manhã chegará a obstinação do acordar
e do desejo, antes do cansaço. Desejo controlar o momento, o sorriso, a energia
e ser. Um quarto de volta e existo.
Insisto, regresso ao meu horizonte, a ria,
de factos invisíveis, de descuidos, de vórtices e de existências.