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terça-feira, 2 de setembro de 2014

nos dias inabaláveis





acordámos o cerco à fronteira daquele medo
que adormece quase todas as manhãs,
próximo da avenida pejada de gente,
e que desperta quase todas as noites,
naquelas ruas estreitas, tortas e escuras,
que rondam o quarto, como fases cheias,
carregadas de lua sem desculpas ou corpo.
adiámos a tristeza, ainda que seja num hiato,
num deferimento completo da vida,
para quem uma vida inteira é insuficiente.




-inicialmente no paralelo [30 de abril de 2014]

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

mais coisa, menos coisa




há tempo para umas palavras 
que se evadiram da poesia 
e que se perderam pela tarde, 
repartindo silêncios pelos olhos, 
lugares imensos que se expõem 
nas minhas mãos repletas de longe. 
longe nem sempre é a distância, 
pode ser a circunstância de escrever 
espaços no céu e na água do mar, 
o mesmo mar de corpo empanturrado 
de gritos de poemas contundentes 
e de caminhos em construção. 



-inicialmente no paralelo [25 de abril de 2014]


terça-feira, 26 de agosto de 2014

solvente





em cada grão de poeira,
depositado nas palavras fugidias
de uma história insolvente,
há um alerta de sobressalto
que sobrevém sem termo
às manhãs que já passaram,
às tardes que são memórias,
às noites que são trevas.
nunca deixei de ser a sede
que o imposto me seca
nas mãos vazias e despidas,
até da pobreza de um sonho,
que ainda assim o anunciam.



-inicialmente no paralelo [17 de abril de 2014]