Na soleira da frágua,
Num ritmo eventual,
Muito além da memória instrumental,
Embrenho-me no oblíquo fio de água,
Que apesar de indiferente,
Corre flexível e complacente.
De imediato veio o rocio
Munido de confortos,
Embora frio,
No Cais dos Botirões.
De igual para igual,
A ria, que pretende beijar a esteva,
Confunde-se e une-se com uma diagonal
No limiar de várias ilusões,
Lesta, com inteireza,
Onde eu, só, sou mais alguém e um,
Na língua escassa da estreiteza.
Recebo a boa noite traçada
E acerto a fase da Lua;
Descalço a rua
E dispo a minha morada,
À luz e no timbre mental,
Com um sorriso acidental.