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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Trilhos


As reticências preenchem um vazio de certezas.
Nem todas são assim. Estas, contudo,
Vão mais além, trazem muitas promessas;
Levam, e exigem, confiança e outras finezas.
São macias e têm o toque do veludo;
São a massa cómica de muitas pressas;
Medem a aparência da inevitabilidade
Fútil, de uma clara falta de disponibilidade.

As reticências pediram-me, docemente, permissão
Para instalar o medo que se adivinha;
Para degradar a velocidade que se avizinha
E correm para o fim da frase em questão.

Foi então que as reticências chamaram outras
Reticências. Formaram um coro de burburinhos
Sem sentido, enquanto cruzavam cúmplices carinhos.

O que sobra, para além da compostura da ausência,
São espaços de pontos imóveis, tácitos e alinhados;
São os vários implícitos, os contidos e os subentendidos.
Vão mais longe do que a modéstia e a aparência;
Simulam o infinito, com limites decretados.
Caracterizam ilhas de muitos afectos e sentidos,
Quando não flutuam em marés de istmos concretos;
Cânones de leis à deriva em querosenes indiscretos.

Os aclives das interrupções divagam em fantasias bruscas,
Pontinhos repetidos de ideias latentes.
Encaminham-se e vagueiam por ideais indiferentes,
Significados dúbios e aspirações patuscas.