O plano, o período e o
clima não eram os melhores, com certeza.
Acredito que, desde o
pináculo, seja difícil vislumbrar o detalhe,
Vincado e preciso, do
pesar e da aflição de um olmo desamparado,
Sem projectar sombra e
em atmosferas arredias da inteireza;
Sem cobertura,
sangrado por um profundo e amplo entalhe;
Agarrado a uma
peculiar circunstância de ter raízes e estar deslocado.
Não foge, enquanto os
salgueiros, amigos, com celeuma, o vergastam,
Aparentando dar
palmadinhas nas costas e que muito se agastam
Com o seu involuntário
abrolhar extemporâneo e desfasado.
Desfolho a
complexidade digital, crítica, crónica e criativa,
Escrita e descrita nas folhas caídas dos azevinhos de várias eras.
Folhas molhadas que pululam no chão de terra, que as anseia.
A vertente não tem
cilada e o pequeno vale espelha a prática incisiva,
Essa sim, natural, sem
juras artísticas, de verdes esperas;
De prodígio, de
sobrevivências incólumes, que não se maneia;
De atoleiro de verbos,
boçais, abandonados e depositados por enxurradas
Há muito tempo
esquecidas, há muito tempo choradas;
De alinhavos de sátira
que, encoberta e renunciada, se refreia.
Os fluidos do ribeiro
deixaram de ser acromáticos, inolentes,
Para abarcar os tons e
odores ditados pela tua indústria exuberante:
Frases que
serpenteiam, sob aplausos e ovação, sobre os seixos angulares.
Na região dos elos
fraternos eternos, dos sempre presentes,
Os laços de alforria
estão enfermos e de utilidade inoperante.
Os atlantes, debaixo
das cornijas, são uma baganha seca de olhares.
A desusada deusa
azenha exibe, apenas, uma amostra de quatro muros
De adobes de saibro,
subjugados, erodidos e pouco seguros.
Emparedados pelo capim
bravio, espontâneo, semelhante a esgares.
Em abono da minha
convicção, nunca deixei de ser poeta verdadeiro.
Choro quando choro,
sem carpir; sem a modéstia de imitação, pintada ou caiada.
Sem dúvida, todos os
vocábulos contêm disfarces de diferentes espessuras,
De diferentes opções e
credos. Não creio que não tenhas reparado, por inteiro,
Na falta de freio das
rimas estreitas, das escorreitas, das indigentes; na chegada.
Os ensaios de
duvidosas diplomacias, vindos em nodosas e dengosas lisuras,
Cobram os dízimos
vencidos, baseados em pressupostos de proprietário
Zelador e guarda-mor
da etiqueta moderna, também, ele, um operário,
Construtor de altares,
de pedestais; de torres, de ameias. De alturas.
O que, normal ou
ocasionalmente, pensam as austrálias ou os eucaliptos, eu não sei,
Nem sei o que
realmente querem dizer as trepadeiras aos álamos esquecidos.
Contemplo a beleza da
natureza, mesmo quando não entendo a sua cruel brutalidade,
Sem esquecer que, eu,
também, sou um elemento natural, simples e com lei.
Não respondo à fonte
inquinada, que nada me diz, nem me dirige os seus pedidos.
Trago comigo, contra
todos os pareceres e anacronismos, a inata antiguidade
De estar grato com a
vida, ainda que amargo, copioso ou longe da grei.
31
de Dezembro de 2009.