Por vezes, as gaivotas adoptam um porte de
silêncio e de quase imobilidade, que adaptam aos meus sentidos e à sua natural curiosidade,
perante a minha natural intrusão, para manifestar e significar termos de
doutrinas ancestrais, tácitas, que expõem e descarnam sem enunciar. Aparentam alimentar
intimidade e cumplicidade comigo, numa relação de cautelas, avanços e recuos, e
uma total inutilidade perante a força dos elementos, violentados e compelidos por
intensivas práticas humanas e caprichos próprios e antigos.
Da noite anterior ficou o travo da sofisticação
e requinte da sociedade engalanada. De toilette
a traje, de gala dotada de alarde; de eau
de toilette a água de toucador, essências para municiar…
Clap! Clap! Clap!
Aplausos! Anuências, risos, sorrisos e trejeitos
de circunstância. Uma nova aranha, nova, tece a sua teia sobre um rosto, por
caridade. Rosto improvisado e inexacto; teia a transportar como um véu;
caridade descartável. A face da teia da compaixão. Urdir.
O crepitar da lenha de pinho na lareira mistura-se
com o estralejar dos sentidos que reúnem, agrupam e caracterizam, uma vez mais,
as sensações já várias vezes analisadas, impregnadas de vida, instruções e
orientações, por vezes, imprecisas. Agradeço o calor que me cinge e retempera.