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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

desfile de naturalidades





o céu enche-se de mar e maresia 
na linha do perfeito horizonte, tão próximo; 
o mar procura beijar as raízes das árvores 
e enche-se de razões de sal e de sons antigos; 
as árvores enchem-se de folhas distantes, 
mas que não se sentem sós, e fogem do mar; 
as folhas enchem-se de letras estranhas, 
de várias cores, tamanhos e formas; 
as letras vão caindo, caladas, sobre o chão, 
formando pequenos grupos de manifestação; 
o chão procura ser o substrato potenciador 
de vida, o rumo certo, mas dorme, sob o céu… 
eu encho-me de céu, de mar, de árvores, de folhas, 
de letras, de chão, de céu… e de intervalos! 
no intervalo, escrevo poemas com o que resta 
e, por vezes, resto apenas eu! 




-inicialmente no paralelo [29 de maio de 2014]

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

argau 15




outras vezes, o tempo voa, num hiato 
de si mesmo. escoa-se por entre os dedos 
de sonhos e sentimentos entrelaçados 
em ondas e ventos, para aquecer o outro 
lado da lua e regressar em sobressalto, 
de improviso, sem palavras e ambíguo. 
qualquer coisa sem colo e consumido, 
enquanto eu vejo sem ver e sonho sem 
sonhar, o que vejo a adensar-se no mar. 
eu hei-de voltar, quando escorregar do verso, 
quando a vida não cabe num só poema. 




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

argau 13




sem contestar o depois
depois vieram os dias
que sucederam aos dias
de partir a partir de tróia

riscámos várias vezes o céu
como estrelas cadentes
fomos a chuva de estrelas
na vida sem guarda chuva

e chorávamos como crianças
a cada nova despedida
mesmo que breve

de setúbal tenho uma parte
no lugar vago pelo que de mim
por lá ficou sem forma