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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Algar


Algar
ou
Em pleno acordo de tempo
ou
Por esta altura


Por esta altura já o frio o agasta,
Em pleno acordo de tempo,
E grupos de involuntários,
Que “de tudo” tem por objectivo,
E “de nada” se apressam,
Cotovelam-se ao virar da esquina.

Por esta altura não sabe desejar e recusar,
Em pleno acordo de tempo,
Os esquissos de vida que sobrevivem
Em conjuntos de traços imprecisos,
Vagos, embora identificáveis, que seguram
E asseguram, convictos e satisfeitos,
A responsabilidade que não se ganha
Num sorteio ou num presente.

Por esta altura há-de ser Natal,
Em pleno acordo de tempo,
E as imagens,
Os modos,
As luzes,
Os sons,
Gritam:
Os chavões;
As proclamações;
Os pregões;
As ovações;
Os palavrões.

Por esta altura não existe,
Em pleno acordo de tempo,
Uma réstia de incolumidade
Em qualquer género de dúvida;
Em qualquer modelo de certeza,
Em qualquer forma de súplica.

Por esta altura já são odiadas as expressões,
Em pleno acordo de tempo,
Que se repetem, repetem e repetem.
Não desejam declarar, os predicados;
O desequilíbrio térmico afirma-se;
O verbo cansou-se de exigir complementos;
O modo afirmativo já se nega
E afirma-se o modo negativo.

Por esta altura brotam as palavras caducas,
Em pleno acordo de tempo,
Com linhas,
Com traços,
Com esboços,
Com rascunhos,
Com resumos,
Com essências
Que ora se assemelham,
Ora se interceptam,
Constatação, sem pasmos:
Por vezes indiferente, existimos diferentes.

Por esta altura já o brilho o abandonou,
Em pleno acordo de tempo.
Altura, pleno, acordo e tempo que partiu;
Sem nunca fazer, de todo, sentido.
Cintilam as diferenças dissimuladas,
A generosidade arguta e flácida,
As inclusões impostas e sobrepostas.

Sem altura.
Vendar,
Vender:
Vende-se o natal.

21 de Dezembro de 2011.