Algar
ou
Em
pleno acordo de tempo
ou
Por
esta altura
Por
esta altura já o frio o agasta,
Em
pleno acordo de tempo,
E
grupos de involuntários,
Que
“de tudo” tem por objectivo,
E
“de nada” se apressam,
Cotovelam-se
ao virar da esquina.
Por
esta altura não sabe desejar e recusar,
Em
pleno acordo de tempo,
Os
esquissos de vida que sobrevivem
Em
conjuntos de traços imprecisos,
Vagos,
embora identificáveis, que seguram
E
asseguram, convictos e satisfeitos,
A
responsabilidade que não se ganha
Num
sorteio ou num presente.
Por
esta altura há-de ser Natal,
Em
pleno acordo de tempo,
E
as imagens,
Os
modos,
As
luzes,
Os
sons,
Gritam:
Os
chavões;
As
proclamações;
Os
pregões;
As
ovações;
Os
palavrões.
Por
esta altura não existe,
Em
pleno acordo de tempo,
Uma
réstia de incolumidade
Em
qualquer género de dúvida;
Em
qualquer modelo de certeza,
Em
qualquer forma de súplica.
Por
esta altura já são odiadas as expressões,
Em
pleno acordo de tempo,
Que
se repetem, repetem e repetem.
Não
desejam declarar, os predicados;
O
desequilíbrio térmico afirma-se;
O
verbo cansou-se de exigir complementos;
O
modo afirmativo já se nega
E
afirma-se o modo negativo.
Por
esta altura brotam as palavras caducas,
Em
pleno acordo de tempo,
Com linhas,
Com traços,
Com esboços,
Com rascunhos,
Com resumos,
Com essências
Que ora se assemelham,
Ora se interceptam,
Constatação, sem pasmos:
Por vezes indiferente, existimos diferentes.
Por
esta altura já o brilho o abandonou,
Em pleno acordo de tempo.
Altura,
pleno, acordo e tempo que partiu;
Sem
nunca fazer, de todo, sentido.
Cintilam as diferenças dissimuladas,
A generosidade arguta e flácida,
As inclusões impostas e sobrepostas.
Sem altura.
Vendar,
Vender:
Vende-se o natal.
21 de Dezembro de 2011.