sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Caranguejos


  











Só para dizer [XXVII]:


     
     Revolta-me ver crianças sentadas ao colo dos passageiros, quando passageiro significa pessoa transportada num veículo, ainda que seja o colo dos avós, principalmente quando viajam no banco da frente, ainda que o veículo tenha só um ou dois lugares, e muito mais me revolta quando a cena decorre em tempo de chuva.

     Transporto essa revolta.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Concreto



Num próximo cada vez mais perto,
Debandam recordações.
A minha mente é um deserto.

Há momentos sem palavras;
Ocasiões em que as palavras nos abandonam;
Situações em que as palavras perdem o sentido;
Vezes em que as palavras são um vício obsessivo-compulsivo.

Afinidade,
Amizade,
Amor!

Limpo.
As palavras são relativas,
As frases são alusivas
E os pensamentos alegóricos
Contradizem-se até ao infinito.
A escrita reduz.
Gosto de ti.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Serra da Penha - Portalegre

serra

Breviário [XXX]


       Porque protestas, silêncio, contra o meu silêncio?


Proporção



Não encontro a simetria radial
A proporcionalidade directa
O ângulo recto
Mas a verdade que se devolve
E trilha a termo certo
O espólio de um céu
E de um encanto de humildade
Na verdade que cinge
O afecto de abraço absoluto

Como te encontro
Como me reúno
Na mão estendida
E que aguarda segura
E contém o infinitivo de partilha
De dádiva
Embora carente e pedinte
Ainda que limpa
Além do pesar da própria alegria


domingo, 23 de setembro de 2012

E hoje... (XL)



     ... Entre a incomum perspectiva dos lugares-comuns; a virtude de não ser perceptível, como o início do sono; as marchas de uma valsa ou os destempos de um compasso ternário:
     
     Acredito na vinda de uma nova contribuição e no infortúnio desse modelo na nossa subsistência.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

E hoje… (XXXIX)


     …Não trago imagens concretas da traça que procurava a luz e nela se perdia em voltas sem fim. Deixo as minhas [imagens], empilhadas, ao lado das sapateiras da despensa. Não é desânimo, revés, ou frustração. É uma confirmação de pensamentos amotinados e de uma rebelião de energias que se alteram na essência durante a contenda pela superação, superioridade e prevalência. É o interior da felicidade virado para os que estão de fora.

     Pesa o modelo imberbe de organdi que veste a margem. A validade destes códigos só é garantida no interior do intelecto emissor.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cabo solto



Consigo alcançar o rio
Que une pelo esquecimento,
Nesta margem de alegoria.
Com ponte, ou sem ponte, o brio,
Os ventos de um metamorfismo de agradecimento
E os esboços de ria,
Sem autoria.

Na linha íntegra de um horizonte
De rama de amor e quietude,
Que deixa a monte
Um istmo de encantamento e solicitude,
Fia o desejo expresso
De uma determinação de regresso,
Sem lei, mas com atitude.

A prorrogativa de prezar sem prazo
O despojo de uma resolução de termo certo
E o azul de um céu aberto.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Compreensível


Simples e despido.
Este é o poema do amor,
O poema que não existe,
Um amor que não é de ninguém.
Onde as palavras ficaram velhas,
Antes da vereda, que nos liberta,
E no qual não se desenvolveu semente.
  
Sem atalhos e sem pretensão,
Este é, também, o poema dos silêncios,
Poema que renuncia à rima
Porque, o silêncio tem mais som
E repete um som igual,
Mais alto e além do verso.
  
O poema vai descalço e descomplicado;
Vazio de expectativas.
Porque este é o poema limpo;
O termo da chapada;
A orla da serrania;
O prazo de validade;
A cercadura da omissão;
E é nada.


Um telhado em flor

  
com flores na telha



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Panorâmica - São Martinho do Porto

  
baía
Baía de S. Martinho do Porto - Alcobaça - Portugal


baía
Baía de S. Martinho do Porto


baía e foz do rio
Baía de S. Martinho do Porto e Rio Tornada ou Salir

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O murmúrio de levante



Sonho sob o mistério velado
Com véu de finas memórias por céu
Numa atmosfera de querença e preguiça
Invento recordações que me seguem,
Achado que fala da estiagem e do inocente
De águas-furtadas e de uma antiga liça.

Dispenso o protocolo de um colo
E uma bruma de deleite,
Não há como protelar.
É esta a hora de embalar a vontade
Que já não serve,
A que já não se veste, a que já não se usa
E arruma-la numa despensa, num armário,
Numa arrecadação, num sótão
Ou deitá-la fora.
É o momento de regressar ao corpo
E persistir na vida.


Entretanto, novidades na ínsula, a chegada de um tal de Liebster Award



     E logo em duplicado!

     Hesitei entre a utilização de «um certo», pela definição de «certo», que se transformou em «um tal de», sem querer marginalizar. Falo de algo desconhecido e é aqui que entra o plágio descarado e a preguiça: O Liebster Award é um reconhecimento para os blogs com menos de 200 seguidores. São 11 perguntas, as quais temos que passar a outras 11 pessoas.

     Mas primeiro foram as obrigações, as minhas. Trabalho é trabalho, não azeda, neste caso, é certo, mas urge. Urgiu. Mais ainda, porque os personagens do governo não param de improvisar e arruínam qualquer guião ou plano Z elevado à potência de um número natural estupidamente grande. Cerejas.



     Vamos às respostas às perguntas:


     1. «O que achas do meu blog?»

     «A mesa de luz» e «Sentado no mocho»:

     Gosto, sem dúvida e acompanho assiduamente, não perco um poste, por feed, e visito com frequência.  Estão no cimo das minhas preferências e estima. São dois universos que se complementam e que propago na ínsua.

     «A mesa de luz»:

     É um universo plural, que é singular, original. Adoro as viagens pelos livros, pelas palavras, pelos locais e pelas imagens.

     «Sentado no mocho»:

     É um universo de poesia, de razão, de subtileza. É a viagem pelos sentidos e por um saber único.

     «A mesa de luz»  e  «Sentado no mocho»:

     Não estou a «dar graxa ao cágado»!


     2. «O que achas da blogoesfera?»

     É um mundo / fenómeno social. Por vezes, muitas vezes, uma réplica extremista da sociedade.
     «Vale a pena»!


     3. «Coisa mais bonita?»

     Afectos.


     4. «Principal objectivo»

     Levar estes ossos ao descanso, depois de saltos e sobressaltos e permanecer genuíno.


     5. «Maior vício»

     Chocolate e café. A ordem é arbitrária e as quantidades: industriais.


     6. «Música Preferida»

     «In My Defence» [Queen - Freddie Mercury]


     7. «O que mais odeias?»

     Detesto a intriga, principalmente.


     8. «Qualidade?”

     [Riso, ou seja, rio-me.]
     Não possuo qualquer tipo de certificação de qualidade.


     9. «Defeito”

     Milhentos e fora do alcance da sistematização.


     10. «Qual é o teu ídolo?”

     O mais próximo do conceito de pessoa a quem se atribui uma grande veneração ou que se considera como um modelo a seguir foi o meu pai.  Não tenho ídolos.


     11. «És feliz?”

     Possuo umas quotas de felicidade, em bolsa (alforge), por vezes estão em alta, outras em baixa, outras, ainda, nem por isso.

     Tenho os meus momentos de desvario e sou feliz.



     E os onze nomeados são, sem qualquer critério de ordenação:

  

     Feito! Algumas excepções depois, quando excepção (when exception), e do fazer enquanto (do while), antes e depois de: Se isto faz aquilo senão faz o outro (if/else). Agora vou intervalar e se correr de forma excepcional, entre voltas e reviravoltas, serão quatro horas líquidas de sono, que se espera sólido e sem despesa pública, mais taxa menos taxa.

     Obrigado à Ana e ao António!



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Linha total



Encontrei as minhas
Nas tuas linhas.
Observa quem surge da frincha da janela,
À porta da tua alma,
E sente o trilho de brisa que nivela;
A aragem de inflexível calma
De um prenúncio que apaga a vela,
Círio de romaria do afecto que se espalma.

Recuperei as minhas
Nas linhas de adivinhas.
Compõe-se uma melodia acessível
No sentido que se apruma e sucede
Dentro de um torso visível,
No limite da negação que insta e pede
Em termos de acústica incompreensível
Quando «coragem» é a margem que se excede.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Castelo, Santa Maria da Feira [2]

E hoje… (XXXVIII)


     ... Carrego um pouco de companhia, uma mão-cheia de palavras e sorrisos. Estão vincadas as recordações do ar irrespirável, do seu calor e do seu odor. Retalhos de ontem que se matizam num início de dia, ainda noite.

     Observado: o abandono; o padrão de carris esquecidos; o descobrimento; uma vereda de areia solta; a síndrome do café; a síndrome da síndrome; o arquétipo caquéctico de raciocínio, opinião, retoma, primazia, reinício; os códigos de barras; o código da estrada; as códegas; a senha; os senhos; os sonhos.

     Cada pedaço de estatística tem um papel. Há personagens estranhos e nem por isso.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O âmago da consciência



Falem os poetas
E digam por mim
Que eu por eles nada digo
Não sou como um porque
Deitado numa prece urgente
Que hoje teria entrado nas origens
E demorado no que aparenta ser bastante tempo
Cairia por terra e mar e apagaria o fogo posto
A combustão espontânea que se opõe ao nada
A súplica de desembaraço de facto
Os pensamentos alinhados num fio de amor
Sem contudo tactear e residir no teu coração