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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

terça-feira, 9 de julho de 2013

Esta é uma inteira verdade




Quero certificar que, como pequeno pombo, extraordinário,
Sem pudor, penas ou mágoa,
Fui lançar as minhas penas soltas à água,
Mesmo ao lado da lomba do meu espaço sanitário,
Um alto insignificante, formado por palavras minhas e extenuadas,
Que amontoo para, assim, terem préstimo e serem usadas.
Esse é o manancial do meu prontuário
E o lugar de regresso do meu rimário,
Sem pesar ou amargura,
Sem destino ou destinatário.



domingo, 7 de julho de 2013

um eco em intenções de voragem


areia molhada


encontrado num sonho que talvez em sentidos não conheça
afastado dos meus semelhantes mais próximos ou distantes
dei palavras soltas aos corvos que comem só as consoantes
e eu fiquei com as vogais em suspiros suspensos em gemidos
de utopia e remoinhos de abismos fora do entendimento
e além do aforismo generalizado que vulgariza o indivíduo
a sentença que futiliza o parco sentimento desprotegido
não acredito na generalização incontestável de uma máxima




sábado, 6 de julho de 2013

cais da lua


 

só a minha lua brilha nesta noite
a felicidade existe e procede da paz interior
a paz de quem vive em paz com as expectativas
de expectativas que não existem
enquanto escorre a racionalidade de uma frase
que profetiza mudança e bonança
talvez só a minha lua brilhe de novo
e dela o assunto não é notícia
nem a notícia será a matéria crescente
nas fases de um papel rasurado
e quanto da luz desta lua será a tua existência
interrogada que foi a escuridão do termo
num provir desconhecido e que não é o amanhã
a manhã há-de cair no cais sem designação
como a luz que eu sou nesta lua que só hoje brilha


  [24 de Junho de 2013]


sexta-feira, 5 de julho de 2013

O açude ocidental




De acordo, Dassiano, falemos do que adenso.
Eu sei que, por vezes, me condenso;
Por vezes, a minha voz fica embargada,
Com palavras presas por, ou a, um nó, na garganta,
E o silêncio aparenta uma cilada.

Por vezes, as minhas palavras insistem
E o seu eco devolve coisas que não existem.
Não são os meus olhos que fingem,
As palavras pesam sempre mais para quem vive,
Apenas, e só, com, e por, elas, que, por vezes, não tingem.

O meu mar de palavras não desiste.
Eu tenho o direito de ser triste,
Tanto quanto de ser, ou querer ser, feliz.
Sei que eu quase não durmo com a cidade,
Quando a cidade dorme, e a minha noite não condiz.

Eu estou acordado enquanto sonho com ela,
Apenas numa efémera janela.
Perde-se o paralelo. O meu nome não interessa.
Existem circunstâncias em que as palavras não atingem
E os pombos alimentam-se da promessa.


  [21 de Junho de 2013]


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pelas palavras com fé





Vou junto ao canal, que aparenta estar adormecido,
Numa madrugada eterna e só, dormente,
Como só parece a ria, dentro deste caminho.
Esta é a minha melhor desculpa para caminhar só,
Entre o cheiro a pão quente, que se propaga,
Nesse início de caminho que me há-de levar... Não sei onde.

E como uma sombra do campo, transparente,
Coração que marca o tempo, deste tempo louco,
Que me define nessa entrada em contratempo,
De um compasso que me descompassa,
Permitam-me repousar aqui,
Sem saber como.

A luz mostra o fim da metamorfose de sombra da cidade;
A extensão imprecisa de uma linha que distribui oportunidade;
O trilho húmido do rocio que acaricia a vegetação.
Desaparecem, lentamente, os sinais de restos de um festejo
Popular, e reavivo um festejo, em mim, denso, constante,
Gravado, sem a importância do «quando», ou «até quando».

Aqui existiu uma muralha compacta e larga,
E um forte, que nos protegiam dos saques dos afectos
E das investidas dos seus espectros.
As cicatrizes da minha pele podem prová-lo.
Hoje existe natureza, moldada por mãos artífices,
Nem as dores da juventude, nem o Dassiano, sabem porquê.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ampla via


ria/laguna de Aveiro

Patente o apontamento clemente, diverso,
O cheiro, o gosto, o som e o brilho a poesia.
Um sorriso bondoso e aliado, em verso,
Da querença dedicada e disseminada pela ria,
Para a Lua, num fulgir de magnificência imerso.

Encontro uma palavra que não reconheço.
Dizem que, também tu, te sentes perdida,
Neste presente subjectivo e relativo da vida,
Que revolve em coisas que desconheço
E numa intrépida e célere investida.
Também eu creio que enlouqueço.



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Escassamente eu


laguna/ria de Aveiro


Há pequenos rebentos de palavras que abrolham,
Absortos, e que vêem para além da linha do horizonte.
Rogam pela naturalidade do verbo,
Alimento das coisas simples e libertas,
Como um punhado de sonhos e a Morte,
Por entre as folhas caídas de um poema esquecido
E dentro do labirinto permanente e persistente
De alheios arbítrios e aspirações,
Formadas por argila amassada e doutrinas.
Mas não passam da rua vagante, inflexível
E intransponível às concepções de veículo.
Transporto coisas acessíveis à minha simplicidade,
Sou apenas eu, precisem ou não precisem.



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Preposição

  

O lugar, esconso, perdeu o entendimento,
No tédio de um alusivo porquê,
E tomou o verso hesitante,
Que eu queria incorporar no vento
E no mar, sem rotina, sem dimensão,
Com vocábulos sem bocas e sem raízes;
Sem as congeminações dos espectros das juras;
Sem as lamúrias do querer.
Provavelmente, achar-me-ão em demência,
Mas não pode o querer desejar, sem apetecer.
Há um certo quê, de um relativo não sei o quê,
E de aparente inconstância instantânea,
Conquistado por anjos que mergulham
Em sombras de sonhos de frases.
Por isso, enquanto escrevo ajustes de poema,
Deixo espaços para o que não tem palavras,
Como, mas não só, para a melodia que me cinge;
Como para os sentimentos que me erguem.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Palavras como eu



vagueira

  

Ao Sol, junto ao mar
(Formado pelos mesmos significados de coragens e medos),
As palavras, como eu,
Flutuam em sonhos, que ninguém vê,
Compostas pela mesma matéria
Que forma a areia e os rochedos.
Toleram as vagas e sustentam os horizontes,
Em alicerces de sentimentos e razões.
Razões que esgrimem sentimentos
E sentimentos que se travam de razões,
Em palavras como eu.



terça-feira, 5 de março de 2013

saudações




deixo-vos a Lua
e um início de bruma,
fico com a inexistência
do meu regresso da rua.
assisto um frio que se avoluma
e que se aquece na dormência
e na frase nua
do vento que se apruma,
carregado da mais acérrima ausência.

ainda que a sombra se embarace,
não me detenho no pretenso recato
do tapete da idade.
não há margem que não me abrace
e apenso a sucessão do respirar pacato
à fatia de liberdade.
dessalgo a face,
tiro a pedra do sapato
e engulo a saudade.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Neste lugar sem data


Demoro-me secretamente no que não existe
Nada há a perder ou a ganhar
O amor deixa de o ser e agora é
Nas palavras que podem sonhar
E silêncios feitos de essências discretas
Como fortalezas de bruma
Direitos que decretam direitos
Que consentem devaneios
Em artigos de liberdade
Como mensageiros de polissemia

Primeiro pensei era um pesadelo
Crente num sentimento sem alma
Bonito e corajoso por fora
Decrépito e senil por dentro
Mas depois esmaguei-me na realidade
De uma afirmação inconfidente
Que deixa uma sílaba
E vejo os seixos nos meus olhos
A darem-me um caminho
Que nem próximo me vê

Agora é mais fácil saber onde começar
Todos os erros me fizeram crescer
Eu sou apenas um homem que sempre foi
Com um punhado de palavras
De um natural ambíguo
Que se libertaram da pontuação
Num gesto animal de fadiga
E ficarão assim para a eternidade
Vocábulos de múltiplas identidades
Sensações e sentimentos imperfeitos
Em pontos que estimulam o lapso
Com gemidos de bem-estar e prazer

Eu espero veladamente sem ti
Estou em abraços com poemas
Um saber e calar pausadamente
Capturado num sonho que é real
E é uma visão e conceito e som e gosto e tacto
É uma permanente metáfora
É um universo em recriação
É um disparate de sentidos
Mas não é posse
Vive e convive na minha alma
Dá-me esperança
Descansa e por cá fica


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O vento levou a minhas rimas


O desejo diz-me só
Em sombras de luar
Pó de estrelas
E vontade pintada
Consentimento distraído
De aura urgente
De lugar sem passagem
Na orla de um rio a transbordar

O vento levou as minhas rimas
Mostro as minhas mãos à lua
Depois do temporal
E diz-me que lhes sobra a chuva
E que me agarre ao norte
Das minhas mãos sem fase
No tempo que me anuncia
Uma oportunidade de paz

Aproximo o rosto do fim de dia
Ao rosto da noite dentro
No encanto do fulgor pungente
Do meu corpo inquieto
E numa força inteira e substantiva
Da energia dos afectos
Arde o desapontamento apontado
Produz delicados padrões de luz

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Palavras em formação


Trago algumas palavras,
Grávidas,
Em substituição das flores
E para não as chorarmos,
Na visita ao cemitério dos silêncios.

Hoje não suportaria ouvir os gritos de dor das plantas,
Ainda que se alegrassem,
No fim,
Em conclusão,
E as palavras dão alegria a este cardal.

Abraço todos e todos me abraçam,
As alegrias e os silêncios,
As alegrias das alegrias,
Os silêncios das alegrias,
As alegrias dos silêncios,
Os silêncios dos silêncios.
Entrego palavras,
Grávidas,
Por flores,
E sorrimos.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

E agora


Estou.
Nada envolve onde nada tem valor,
Um momento oportuno é tudo na vida.
As promessas jorram alergia;
As palavras implodem antes de criar frases,
Muito antes de produzir sentido,
Em tempos que são mais do que prosa
E, seriamente, menos do que poesia.
Um verso podou a alma,
Sem retrocesso,
Para reescrever o que não pode ser reescrito,
Numa estrofe de barro, ervas daninhas, durante
E um novo fim.
Hoje não existiu princípio,
Embora possa ter ocupado o pensamento.
Abraça-me, sem ardil, ria!
Sorrio sem dolo.
Divirtam-se!


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Vida

Há vida!
A vida prossegue,
Antes, durante e depois das palavras.
À vida!
Não quero as tuas máscaras e aparências.
Não uso.
Podes descansar as respostas e as justificações,
Não te vou perguntar o que sei e não me dizes ou não queres dizer.
Possuo os meus próprios enganos,
Não me dês os teus.
Não preciso de mais fantasias,
Tenho as minhas sustentadas,
Domadas,
Sossegadas e asseadas,
Num comedimento e harmonia alcançada
Ao longo de várias, demoradas e penosas estações,
Em laços de subsequência.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Reconstrução


Organizo a realidade
Procuro as palavras
Fecho as arcas das palavras do trabalho
E que estão sobre as restantes
Para as dispor paralelamente
Com as outras arcas
E abro-as de seguida
Uma a uma
Todas as arcas das palavras
E de tudo o que sou

Saem todos os tímidos «olá»
Seguidos dos demais vocábulos
Que se juntam e separam
Gosto do seu marulhar
De repente a divisão fica escura
O ambiente arrefece e aquece
Sinto o espaço sem tempo
O sinal certo e a incógnita
Há muito de obsessão e de loucura
No ciclo de quesitos que são a própria existência
Assim como no acto de expectativa e de fé
De quem a venera e dela toma partido

Gostava de estar à altura
É extenuante sabê-lo
Como pensamentos e emoções sem valor absoluto
E materializa-se neste paradigma
Nunca virás por mim
Olho para a figuração da escrita
Que parece aflita
Mimo um poema magro
Que caminha sem rumo
Sem querer mudar de conversa

A sensação do passar do tempo é relativa
Existe a verdade e a mentira
A medida de tempo universal
Retoma a tensão
A inconfidência é um apanágio
Eu sei que me sentes
Importa-me
E brame em mim a doçura
Que acentua a natureza de sede e urgência

Ao abandono
Fico sem conversas
Fico envolvido nas ruas
Onde
Por vezes
Os afectos caem em desalentos
E esvaecimentos
Umas vezes explicáveis
Ou reparáveis
Outras
Não

Moderar
Não consigo organizar
Para além da dualidade
Da dicotomia
Sentimento
Razão
E sem ela
Desço os graus que me conduzem à cave
Estático

Os percursos da existência e insistência
Trazem tatuados a inconstância do impulso
E do vento
Das indecisões de terceiros
Trazem a certeza da fadiga
Produzem alternativas
E saídas
São compostos por alegria
Esperança
E tudo o que demais possuo
Trago um pouco de companhia
Palavras e termos
Promessas
Reminiscências e ofertas
Sentimentos
Sentidos e afectos
Sonhos
Vontades e desejos
Energias
Não só a memória é traiçoeira como
E também
As palavras


sábado, 17 de novembro de 2012

Subo


Liberto versos que rimam
E palavras que te estimam.
Partem de mim várias ruas que são rios
E rios que são ruas,
Palavras simples e nuas,
E nuas camadas de desvios
Que contornam os baixios.
Segredam pontes que são tuas,
Que a ria espelha o meu reflexo
E que o segreda ao mar perplexo.

Salvo versos sem rima,
De várias cores.
Partem de mim vários rios,
E ruas, sem nome.
A ria, que já não é,
Olha-me com compaixão.
Dei-lhe a minha palavra de honra,
Dei-lhe as palavras de trabalho,
As palavras de obrigação,
As palavras de devoção perdida,
As palavras de lazer,
As palavras avulsas, avulso.
Dei-lhe as palavras adormecidas.
Dei-lhe as palavras da manhã,
Da tarde,
Da noite.
Dei-lhe as palavras que se perdem,
Que perdem o sentido,
Que perdem significado.
E dei-lhe palavras de um género de amor.
Se hoje fosse eu a ria,
Que sou,
Poderia não ter mais palavras,
Mas tenho,
E dedico-as ao Sol, à Lua
E a ti, amor, e amor.


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Uma causa, eu sei

Só as tuas palavras me dizem que existes
Em mim,
Num afago sublime,
Ascendente e descendente,
Em parábolas e círculos perfeitos,
Num frémito insolente e terno
De directriz.

Mudem tudo,
Mesmo tudo, tudo!
E não prossigam só quando já não poder ser comum
Suster,
Não só os termos, mas as sensações
E os anseios.

Mais me une
A ti
O sentido que não se satisfaz,
O tempo que não encontro,
O caminho que não percorro,
E tudo
O que existe para além das letras
E perdura nos séculos.
E o amor.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

E hoje… (XXXVIII)


     ... Carrego um pouco de companhia, uma mão-cheia de palavras e sorrisos. Estão vincadas as recordações do ar irrespirável, do seu calor e do seu odor. Retalhos de ontem que se matizam num início de dia, ainda noite.

     Observado: o abandono; o padrão de carris esquecidos; o descobrimento; uma vereda de areia solta; a síndrome do café; a síndrome da síndrome; o arquétipo caquéctico de raciocínio, opinião, retoma, primazia, reinício; os códigos de barras; o código da estrada; as códegas; a senha; os senhos; os sonhos.

     Cada pedaço de estatística tem um papel. Há personagens estranhos e nem por isso.