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quarta-feira, 12 de junho de 2013

O namoro da ria com o oceano




Escrevo, no ar, que te amo
E isso me faz sorrir.
Queria que sentisses o teu abraço preenchido,
Mas esse «eu» não existe.

Admito que te conheço há uma eternidade.
Não me recordo de onde, de quando, ou de como,
Mas eu existo,
E vogo no tempo e no espaço, sem meio.

Escrevo, num pedaço de papel, que te amo
E as memórias do que, de qualquer forma, tive,
Sem ter. Alegrias de um presente, num presente,
Que, sendo presente, não pode deixar de partir.
E fica, entre nós. Amor!

E há um perfeito suspiro, sem hesitação, que te procura;
E há um inteiro beijo, sem beijar, que te beija;
E há um completo abraço, sem abraçar, que te abraça.


  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Constante lógica


aurorar


Não vi o Sol, quando acordei 
E, mesmo assim, sorri.
Procurei-o pelas ruas, sozinho, à tarde.
Alguém apagava um coração grafitado na parede,
Com uma mancha de tinta.
Li, que te amo. Sorri.
Vi a cidade quase deserta,
As pessoas migraram para os centros comerciais.
Só os turistas se cruzavam comigo
E eu senti-me um turista na minha cidade.
Mas não encontrei o Sol
E não sabe que eu sonho,
E sonho acordado. 
A ria não quer ser laguna
E não tem ciúmes de ti.
Que te amo lhe digo, e não sabes. 
Não podes saber e desejo.
Sorrio, na companhia de sombras,
De ti e de mim. 
No amor não há perder ou ganhar,
Por vezes, é ter ou não ter.
Não vi a Lua, quando a noite chegou
E senti que sorri sem premeditação;
Que te sinto sem sentir;
Que te toco sem tocar.
Senti que queimava e foi então que reparei
Que dentro de mim está o Sol e a Lua
E que, na realidade, a Lua e o Sol, és tu.



quarta-feira, 6 de março de 2013

incluso



por um instante
sacudo a alma
e em abraços de afecto
uno o frio livre
aos sonhos povoados
sigo o calor de dentro
aguardo
paciente
enganos que saem
juntamente com os extintos
sonorosos
que me acompanham

distintos
do outro lado intrínseco
o farol orienta destinados leais
e a chaminé projecta anseios
na antiga salmoura
e sociabilizam
portadores de fé
não é fácil
nada o é
paro à entrada
perfeita e abundante frequência
saúdam-me cercos inclusos
afago a tarde das portas e janelas abertas
oásis compreensíveis
que fluem espontaneamente
e abraço-me nos braços do amanhã
onde entro
transponho as utopias de fora
o presente fecha a porta


domingo, 17 de junho de 2012

"Só de mim"





Direitos de autor reservados à:
Diffuse ( www.diffuse-studios.com e www.vimeo.com/diffusestudios )

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Envolver com os braços


Repara:
Acumulam-se dias,
Revogam vidas,
Plagiam crises.
Enquanto se fecha o olho-d'água,
Que alimenta a pequena vala foreira,
Que conduz a água para o açude
E que fazia mover a roda da azenha,
Uma construção decadente.

Deixa que os meus dedos se afirmem
Na pele do teu rosto
E te arrebatem no arrepio do pescoço
Que se estende até aos ombros.
Dá-me a tua mão,
O silêncio protege os nossos sons
Em ebulição latente
E embala o afago assimilado.

Sim,
Vê os olhos
De um folhetim sem fio;
Observa como o tempo parte as leituras
Que rejeitam escolhas livres no seu destino,
O deitar no confim de um frio.
Protejo-te com o meu abraço.
Contempla o pôr-do-sol no horizonte,
O futuro, e vive a primeira brisa,
Sem pressa.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dilema


O fim que as vírgulas do dilema
Realizam em pausas de direito
E dos pontos e vírgulas que activam
As pausas mais longas de capacidade,
Locais onde inventei mais de mil cores
E um só amor alimentei,
Determina a dor e o rudimentar golpe,
Verdadeiramente amargurado.

O fim dos pontos de exclamação do dilema
Apontam a interjeição arrumada
Da exclamação projectada numa oportunidade
E os pontos de interrogação duvidam,
Nos mesmos lugares onde construí castelos
E um só amor acalentei,
Do fim que os pontos do mesmo impasse
Efectivam em finais de período de tolerância.

O fim que o último parágrafo do dilema
Cativa em conclusão descoberta e pura,
Nos sítios onde plantei palavras ou árvores
E um só amor desenhei,
Aliena e é surpreendentemente redentor.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Via isenta


Soa o rebate da insistência
Criei com o amor um unguento
Fiz da história um momento
E com a falta uma permanência

Girei em torno da essência
Soltei-me do teu cimento
Lavei a poeira do lamento
E rocei nas asas da existência

Agarro o desapego em brisas
Solidez de informação que assuma
E solto o nardo que me perfuma

Uma densa luz emite as divisas
Nas vagas calmas e lisas
Da afeição feita bruma

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Só para dizer [XVII]:


     Memórias que hospedam troça e descaro, mas que sustentam a dignidade. Tenuemente opaco. Vagamente preenchido. Não transporto objecções, explicações, justificações ou razões. Digo.

     Amo, mesmo a tua falta de memória. Amo, mesmo o teu silêncio.

     Nestes tempos, na liça da existência, existência manifesta ou amorfa, qualquer afeição se transforma numa acção temerária, audaciosa. Acções que na realidade empossam intrepidez e graciosidade, mesmo no ser mais torpe, quando ser não basta; quando torpe é a definição do afecto, do amor, da amizade.

     Tenho a convicção de que gosto de ti e a quase crença de te alcançar e sentir.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Chuva mole


Vem juntar-te ao remanso da chuva serena,
Ininterrupta, e à quietude aberta da noite
Negra. Anda, encurta a extensão da nossa inexistência
E persevera o infinito que todos os pontos une.
Observa o corro de noctívagos seres alados indiferentes
Aos intentos dos ambientes de todo o círculo.

Assoma-te dos amenos trejeitos de solos
Encharcados, com sinais de aridez impressos
Em flora sem viço mas tenaz.

Mais do que um desvio, aparece,
Brandos modos crescem no elo da água onde
Repousa o gemido da atmosfera branda.
Contempla os indícios de um afecto ideado
Pelo frio pleno de um inverno que se avizinha
E se faz anunciar no absoluto do nosso seio.

04 de Novembro de 2011

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Cicio afectuoso



Gostaria de sentir o teu mais terno afago. 

Imagino que me envolves docemente e sem fim. 
Imagino-te com o odor puro a jasmim, 
Pela livre convivência com ele, e indago, 
Com a liberdade de quem já perdeu tudo, 
Com a consciência de quem não quer enredo, 
Se uma afeição me pode fazer cair o escudo, 
Se uma benquerença me afastará o medo. 

Como eu temo o que é demasiadamente exacto. 

Não sentencio, não prometo, não minto. 
Saberás sentir e entender aquilo que sinto 
E reconhecer que não vendo a alma em pacto. 
No silêncio afiguro coisas simples como nós. 
Gostaria que me concebesses como imperfeito, 
Num contido anseio, puro e sem voz, 
Que espraio sobre o teu afectuoso peito. 

Sofro com a antiga memória de algo vago, 

Um sentimento que já não conhecia em mim. 
Um sentimento benévolo, sem pressa, assim: 
Uma saudade que não é espera. E sufrago. 
Ouço o sussurro que me eriça mansamente e cedo. 
Não fico quieto e descanso. Permaneço mudo. 
É aprazível o momento, encantador e ledo. 
Lascivo, em concórdia, por completo me desnudo. 


[06 de Julho de 2007]





Escrito e editado, originalmente, por mim, no blog Aurorar III do jornal Sol [Aurorar 3.1]
:  http://comunidade.sol.pt/blogs/tugazzar/archive/2007/07/06/Cicio-afectuoso.aspx