Eu já encontrei o amor, algumas vezes.
Por entre esta cortina inequívoca de pó de anos,
Creio reconhecer, ainda, o som da sua construção;
O som das suas labaredas altas ao final dos dias,
Dos quais já não existem as brasas, que ainda existem,
Nem enganos, talvez um pouco mais do que imaginação.
Eu pintei e pinto palavras impossíveis.
Recordo-me de vidas nossas, com pensamentos meus,
Cheios de andorinhas, papoilas e gargalhadas vossas/nossas,
Onde a primavera se esqueceu de espreguiçar cegamente,
Em pontas de pés de sol nascente e de amor sem fuso.
Ou acredito que existimos, podemos existir,
Um pouco mais ou menos assim.
Poderão viver, em alguém que possa querer,
Os pássaros e flores, que são um pouco meus;
As frases e afetos, que um pouco me pertencem?
Eu gastei, incrivelmente, milhares de versos
Para continuar, aos meus pés, o interior em obras.
A estrutura amalgama-se, entre sentimentos em manobras,
E palavras já sem forma reconhecível e de significados dispersos.
[miscelânea]
[18 de abril de 2023]
Por entre esta cortina inequívoca de pó de anos,
Creio reconhecer, ainda, o som da sua construção;
O som das suas labaredas altas ao final dos dias,
Dos quais já não existem as brasas, que ainda existem,
Nem enganos, talvez um pouco mais do que imaginação.
Eu pintei e pinto palavras impossíveis.
Recordo-me de vidas nossas, com pensamentos meus,
Cheios de andorinhas, papoilas e gargalhadas vossas/nossas,
Onde a primavera se esqueceu de espreguiçar cegamente,
Em pontas de pés de sol nascente e de amor sem fuso.
Ou acredito que existimos, podemos existir,
Um pouco mais ou menos assim.
Poderão viver, em alguém que possa querer,
Os pássaros e flores, que são um pouco meus;
As frases e afetos, que um pouco me pertencem?
Eu gastei, incrivelmente, milhares de versos
Para continuar, aos meus pés, o interior em obras.
A estrutura amalgama-se, entre sentimentos em manobras,
E palavras já sem forma reconhecível e de significados dispersos.
[miscelânea]
[18 de abril de 2023]
A vida traz-nos encontros e desencontros que se transformam em recordações e que tu retratas, aqui (nos amores vivenciados), num poema "à Henrique", um poema que mexe com o nosso interior, um poema belo.
ResponderEliminarBjks
Espero que esteja tudo bem contigo.
:)
E entre encontros e desencontros... que sorte a poesia ser aquela fonte de equilíbrio, que nos permite ter o interior permanentemente em obras, e que nos permite impermeabilizar face a sentimentos corrosivos, que o pó dos anos, tão entusiasticamente sempre se encarrega de nos oferecer...
ResponderEliminarComo sempre, um poema ultra bem construído, que dispara emotividade e assertividade em todas as direcções!
Beijinhos
Ana