deixo-vos a Lua
e um início de bruma,
fico com a inexistência
do meu regresso da rua.
assisto um frio que se avoluma
e que se aquece na dormência
e na frase nua
do vento que se apruma,
carregado da mais acérrima ausência.
ainda que a sombra se embarace,
não me detenho no pretenso recato
do tapete da idade.
não há margem que não me abrace
e apenso a sucessão do respirar pacato
à fatia de liberdade.
dessalgo a face,
tiro a pedra do sapato
e engulo a saudade.