Recordo-me
que és, não me esqueço, também o sou,
E
olho para um horizonte que não me pertence.
De
lado, num lanço que a memória vence,
Importa-me
menos para onde vou.
Descruzado,
ao jeito de uma aparência,
Segue-me
a sombra e a sombra da consciência.
O teu
sorriso ainda brilha na negrura da lembrança.
Há
serenidade na imagem que perdura e guardo;
Que
placidamente emolduro e resguardo;
Que
egoistamente quero só para minha bonança.
Já
não sei se é dor ou se há dor nesta ternura,
Ou se
insistir na memoração é apenas loucura.
Não
alcanço os sons nem concebo o toque.
Há
uma ponte que se quebrou, embora una;
Um
hiato aperfeiçoado pelo tempo de lacuna,
Instituída
na alusão, que viaja a reboque.
O
resto diviso. Uma imagem viva
De
uma presença compreensiva.
Permito-me
alegrar na alegria que perde a gravidade;
Entoar
silenciosamente a melopeia atenuada pela distância;
Arrebatar
e apenas; embeber a antiga e a nova infância;
Celebrar
em festa e sem o travo amargo da saudade.
Sem
atrevimentos discorro no que por aqui me vai,
Em
memória, com coragem, revisito o meu querido pai.