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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sonho




Há um sonho, que contém um querer simples.
Um querer desperto que afaga o subconsciente,
Onde todo é emotivo e novo,
Para o qual todas as frases parecem ter sido inventadas
E se repetem sem exaustão, vezes sem conta.
O eco, do sonho, que se propaga
Em palavras com sentimentos à flor da pele
E que ressoam no pensamento focado em emoções,
Onde se perdem, ou não se encontram, razões.
Que chega com o sabor e o odor dos sentidos,
Desenha círculos infinitos na pele sensível,
Roça as letras pelo corpo trémulo e soberano,
E fermenta a determinação de redenção.
  
  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Constante lógica


aurorar


Não vi o Sol, quando acordei 
E, mesmo assim, sorri.
Procurei-o pelas ruas, sozinho, à tarde.
Alguém apagava um coração grafitado na parede,
Com uma mancha de tinta.
Li, que te amo. Sorri.
Vi a cidade quase deserta,
As pessoas migraram para os centros comerciais.
Só os turistas se cruzavam comigo
E eu senti-me um turista na minha cidade.
Mas não encontrei o Sol
E não sabe que eu sonho,
E sonho acordado. 
A ria não quer ser laguna
E não tem ciúmes de ti.
Que te amo lhe digo, e não sabes. 
Não podes saber e desejo.
Sorrio, na companhia de sombras,
De ti e de mim. 
No amor não há perder ou ganhar,
Por vezes, é ter ou não ter.
Não vi a Lua, quando a noite chegou
E senti que sorri sem premeditação;
Que te sinto sem sentir;
Que te toco sem tocar.
Senti que queimava e foi então que reparei
Que dentro de mim está o Sol e a Lua
E que, na realidade, a Lua e o Sol, és tu.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

as marés


ria/laguna de Aveiro

de uma memória a sobra
que contradita a causa e a obra
na neblina de uma porta fechada
que aguarda do sono a chegada

provém genuinamente da luz da Lua
estes desejos de rua
provêem sentimentos em forma de energia
num ensejo de satisfação em alegoria
provem a formação fulgente de apego
que arrebata o corpo do sossego

protestam os estímulos dos sentidos
pelos frios dos frios desconhecidos
oriundos das ondas de intuitos
dos mares de paradigmas fortuitos



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Neste lugar sem data


Demoro-me secretamente no que não existe
Nada há a perder ou a ganhar
O amor deixa de o ser e agora é
Nas palavras que podem sonhar
E silêncios feitos de essências discretas
Como fortalezas de bruma
Direitos que decretam direitos
Que consentem devaneios
Em artigos de liberdade
Como mensageiros de polissemia

Primeiro pensei era um pesadelo
Crente num sentimento sem alma
Bonito e corajoso por fora
Decrépito e senil por dentro
Mas depois esmaguei-me na realidade
De uma afirmação inconfidente
Que deixa uma sílaba
E vejo os seixos nos meus olhos
A darem-me um caminho
Que nem próximo me vê

Agora é mais fácil saber onde começar
Todos os erros me fizeram crescer
Eu sou apenas um homem que sempre foi
Com um punhado de palavras
De um natural ambíguo
Que se libertaram da pontuação
Num gesto animal de fadiga
E ficarão assim para a eternidade
Vocábulos de múltiplas identidades
Sensações e sentimentos imperfeitos
Em pontos que estimulam o lapso
Com gemidos de bem-estar e prazer

Eu espero veladamente sem ti
Estou em abraços com poemas
Um saber e calar pausadamente
Capturado num sonho que é real
E é uma visão e conceito e som e gosto e tacto
É uma permanente metáfora
É um universo em recriação
É um disparate de sentidos
Mas não é posse
Vive e convive na minha alma
Dá-me esperança
Descansa e por cá fica


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O vento levou a minhas rimas


O desejo diz-me só
Em sombras de luar
Pó de estrelas
E vontade pintada
Consentimento distraído
De aura urgente
De lugar sem passagem
Na orla de um rio a transbordar

O vento levou as minhas rimas
Mostro as minhas mãos à lua
Depois do temporal
E diz-me que lhes sobra a chuva
E que me agarre ao norte
Das minhas mãos sem fase
No tempo que me anuncia
Uma oportunidade de paz

Aproximo o rosto do fim de dia
Ao rosto da noite dentro
No encanto do fulgor pungente
Do meu corpo inquieto
E numa força inteira e substantiva
Da energia dos afectos
Arde o desapontamento apontado
Produz delicados padrões de luz

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Lágrima


Calculo que a lágrima se tenha perdido e esquecido;
Calculo que o brilho deste cinzento consentimento
Não se prenda ao que falta de um abrigo
De um afecto difundido no ar, por gotas preenchido,
Que se libertam de uma nuvem de entendimento
E se arrojam para a estrada de granito cálido, antigo.
Vejo o intento de uma fenda ambiciosa e sem sentido,
Que se dilata na superfície do caminho único que sigo
No propósito que se oculta sob um céu aliado e desconhecido.
O limiar deste destino, à beira do precipício de inertes,
Mudos e omissos sentimentos subjugados e disfarçados,
Que aguardam que um dia qualquer desperte e acertes.


domingo, 13 de maio de 2012

Breviário [XXVI]


     Não há qualquer afeição quando a ausência é interior e não existem bons sentimentos e serenidade quando a afeição é o controlo.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Algo importante


Sinto que do ar faço parte
E consigo tocar-te as mãos,
Os ombros,
O rosto
E faço parte de um abraço de modo,
Solto e desocupado.

Enquanto uns querem que eu finja
E outros estão ávidos por mentiras,
Eu parto,
Fixo-me fundo no teu âmago
E deixo um pouco de mim,
Por cada regresso,
Não sei bem onde mas,
Já não estou completo;
Ou talvez me faltes.


quarta-feira, 7 de março de 2012

O modo


Perderam-se todas as doutrinas;
Perderam-se todas as razões;
Perderam-se todos os vocábulos;
Perdeu-se, até, a perda e o perdido,
Porque, num ímpeto lícito e consentido,
Nos abraçámos e quisemos ser apenas um
E apenas o feito mais perfeito que executámos.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

E hoje… (XXIV)



     …Anúncios de um cortejo, tardio, de reis, este ano, magros.

     Nova volta! A comitiva dos anjos-do-mar.

     Conforme a dedução e os primitivos indícios, a confirmação final dos personagens com vários rostos e vários papéis, onde se encontram, também, figuras isoladas, de um só semblante e sem saber como foram arrolados e associados à trupe.

     Perda! A cilada dos saneamentos sem grelha ou tampa, na via pública. Assim como a astúcia das sentenças mansas e astutas.

     Surpresas! A minha vida é uma surpresa constante. O dócil sonho e um contributo da marulhada. Quem ama cuida o objecto do seu amor, não o afugenta.

     A crença! Eu quero; bem-quero; desejo; creio; prezo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E hoje… (XXIII)


     ... O abatimento, a sensação angustiante de impotência de quem tudo pôde e não alcança. A intransponibilidade de alguns reparos. A margem, inóspita e dotada de inópia ou de consciência marginal. O longo e não rectilíneo sentido único e a paragem obrigatória no final.

     Descanso! Surpresas agradáveis e sorriso aberto, desarmado e sem investida.

sábado, 21 de janeiro de 2012

E hoje… (XXII)



… Dói-me ver-te chorar sem conseguir saber o porquê. Se, pelo menos, conseguisses falar...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aprestar

     Os elementos recolhidos ainda estão impregnados com a essência da natureza. A difusão de dados decorre paulatinamente, mas está praticamente concluída. Ecoam algumas emoções antigas, imbuídas em sentimentos razoáveis, que se tornam lentas e pesadas pela carga inútil das palavras que transportam. O atributo de um predicado caiu como uma folha caduca.

     Não sou dono dos termos, nem mesmo daqueles que invento ou agrupo. As palavras livres nunca deveriam ser aprisionadas. Deveriam poder ser cumpridas todas as promessas formuladas e manifestadas em liberdade.

     Sou uma variável independente e faço parte de um sumário no assunto de uma conjectura. Dizer que se é diferente, ou que se quer ser diferente, não significa, necessariamente, trocar o género ou gostar de seres do mesmo género, não forçosamente por vergonha, mas, plausível e provavelmente, por opção, e sem o considerar absurdo. Assim como dizer que se está mareado, aturdido ou sóbrio, não significa que se seja ébrio, dopado ou dependente física e/ou psicologicamente de uma substancia tóxica. Mas poderia ser. Ser diferente é uma realidade particular num contexto comum, globalizado, onde todos deveriam ser iguais em direitos e deveres.

     Gosto de páginas intencionalmente deixadas em branco, quando estas fazem sentido e fazem sentido quando lhes experimentamos um vazio premeditado e proveitoso. Agradam-me os silêncios intencionalmente instituídos, quando estes fazem sentido e fazem sentido quando não há mais nada de útil, ou construtivo, a dizer; ou quando estes dizem tudo o que resta dizer. Gosto das analogias de união que algumas linhas me apontam; que algumas pontes me dirigem.

     Diz-se que o poeta é torpe, inútil, fútil. Assim, ser-se poeta é uma constatação de impotência.

     Apenas para mim, parece existir pelo menos uma justiça divina que me pode absolver ou punir.

22 de Dezembro de 2011.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um beijo, apenas!


E eu quero ser a Terra, firme e quieta,
Sem estremecer ao ver-te, por afecto ou receio!
Não quero ser a Pedra que te atinge em cheio;
Nem a Coisa que não pensa, não sente, não se inquieta.

E eu, também, quero ser o Sol, e, por mim, a Lua, completa!
Uma Luz presente, todo o dia, sem freio!
Agora pára, escuta, olha e deixa a perífrase de permeio.
Para quê querer ser a bala, o dardo, ou a seta?

Assim, quererias, por certo, pisar a repisar a Terra;
Compactar-me até me transformar em Pedra dura;
Eclipsar-me, mas seria eu o centro dessa loucura.

Sem lágrimas, o Sol, entre outros, queima e encerra;
A Terra abafa, mas eu não sou gente de guerra
Ou de ódio, amor! Quero um beijo, com ternura!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Aptidão para experimentar sentimentos e emoções


Trivialidades. Presente, ouço sem grande ponderação.
Diligencio alguns reparos que se diluem na atmosfera casual;
Uns acenos e umas mesuras, espontâneos, para manter o ritual. 
São citações de ocasião.

Não responde à questão e não era isso que eu queria.
Foi breve, contudo, o desvio ornamento e hesitante,
Para bem da minha perseverança escassa e errante.
Emissão sem sintonia.

Já a quina esboroada assume e exibe o seu defeito reparável
(Notório e com solução). Ninguém sabe quem foi o autor;
Ninguém se acusa e a obra não denuncia, sequer, a sua dor.
Parece amável.

Não carrego queixumes ou lamentações empacotadas.
Forço o esboço de um projecto de felicidade, trabalhosa,
Que, da aparência para a ilusão, se torna ainda mais assombrosa.
Expectativas apontadas.

Mas não lhe tomo o gosto antes do tempo. Sereno,
Enquanto observo as formigas que invadem, apressadas,
A divisão cheia de mim e engulo o ar das palavras trocadas
No bocejo terreno.

Não desejo derrubar tanta azáfama dedicada e disciplinada;
Tenho a certeza de que, amanhã, não voltarão ao vazio.
Em fé, são as convicções que harmonizo e providencio
E que provêm do nada.

O suspiro, que fugiu do peito e que caiu na ria, desapareceu.
A sua ausência, notada, não é mais uma questão de vida;
É, sem dúvida, a dívida que ganhou força na sentença deferida
E que a precedeu.

Pergunto-me seriamente, a um canto, empobrecido:
«Quanto valerá um sorriso estampado na tua cara?»
Singular, pensando em mim na terceira pessoa, repara,
Tão isolado e distraído.

Hoje vou falar com Deus. E se ele não me falar?!
O pavor não é um amargo agradável.
Admirável.
  

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Acto ou efeito


Acto ou efeito

Onde estão os que me amimavam com palavras,
Os que me chamavam, convictos e com insistência?
Qual foi o meu pecado ou a minha inconveniência?
Serei o efeito ou o acto da poesia das minhas lavras?

Com o grito, interrompi as minhas afadigadas buscas.
Em silêncio, com o sentimento de um vazio,
Não parei no cruzamento das palavras bruscas.

Eu, ordeiro e sem sentido, desapareci,
Aborrecido com a minha insistência e teimosia.
Terei perdido a decência, mas sem hipocrisia.
Era tarde para estar só e tarde para estar ali.

Vagueei pela inconsistência da credulidade.
Falo baixo para as paredes que me aprisionam,
Que me conduzem para fora da cidade.

Afastei-me renegando o meu próprio peso,
Carregado com pesos que não eram os meus.
Suportei o incómodo da chuva e o estorvo do adeus,
Fugi do teu pavor, da tua repulsa, expulso e indefeso.

Não encontrei a ansiada guarida e o leito,
O repouso que me conduzisse à reconversão,
Apenas o teu olhar assustado e de despeito.

Olho à minha volta, demoradamente,
Sem encontrar afectos ou afeiçoados.
Não entendi os horrores e os desagrados,
A irritação, a ira e a cobiça descontente.

Apareço e não sou recebido com agrado,
Trago o incómodo, o despropósito e o excesso.
Acrescento inutilidade e um queixume apoquentado.

Não contento, nem preencho o lugar sem confusão,
Em desencontro com a dimensão de tempo e espaço.
Não te demores com a insignificância do meu traço,
Quando eu sou, tão só e apenas, a tua solidão.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sopro


Sopro

Amarro o amuo,
Deixo passar a brisa da indiferença;
O desinteresse pode ser crença.

Olha-me como, quando e quanto queiras.
A partida é a mesma, serena ou atormentada,
A passagem é igual e com barreiras.
O desconhecido não conhece a divisa da chagada.

Seguro a particularidade,
A gavinha que me prende desde a nascença.
A crença pode ser liberdade de indiferença.

A atitude que tarda perde a pose.
A refeição que não se come,
É um ponto sem nó, que me cose,
Apreende um sorvo ou suspiro que tome.

A exclamação em tom de protesto,
Grito abafado pela inércia e apatia,
Ficou destinada a outro, e melhor, dia.

A rima batida, escrava procedente
De um dito popular e democrático,
Cresce na prosa trôpega e crente
Do parco despacho e recurso prático.

Lei, e se tudo for um despojo, ou conjunto, vazio
Ou, ainda, quando muito, um astuto lampejo
De um desgarrado, particular e banal desejo?

Sem temor, indisposto na disposição de calar,
Demoro o silêncio que for necessário
Para que se aclare a arrumação do esgar.
Em defesa acolho, não escolho, o subsistir precário.

Mas esqueçam, não vou ficar prisioneiro
De uma consonância que não é minha,
Agarrado a uma glória que se perde numa entrelinha.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dois


Dois

Encosta a tua cabeça no meu peito,
Ouve o som que o meu coração produz.
Esquece o brilho que te cega e seduz,
Respira suavemente e sem trejeito.

O descanso não pode ser defeito.
A carícia, sincera e demorada, conduz
Os sentidos por uma estrada de luz,
Tão clara, e trilhada ao nosso jeito.

Repousa a aflição desproporcionada
No meu colo sereno, manso e quedo.
Faz uma pausa na rotina alvoroçada.

Aninha-te, abraça-me. É cedo!
Recolhe-te, em mim, na alvorada.
Junta, justo, o teu ao meu medo.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dito de outro modo…


Dito de outro modo…


Dito de outro modo, e porque não,
O meio ambiente influencia-me.
O ambiente impele e sentencia-me
As vontades, o ânimo, a disposição.
Nos opostos e nos concordantes,
Nada será igual ao que era antes.


O vento, que me serena a indignação,
E a lânguida e imperiosa bonança,
Que me hostiliza a temperança
E desorganiza a compreensão,
Num frio que de longe me aquece,
Por um calor que de perto me esquece.


Partindo desta invernia que é o meu Estio,
Rogo por uma Primavera sem Outono.
Quero um amar e um mar sem posse, nem dono.
Um querer verde viçoso e maduro esguio,
Sem malvadez, figurado, sem figuração,
Manifesto aurorar, no ocaso da emoção.


Em boa verdade, da maresia e em marejada,
Retenho o odor e os balanços afectuosos,
Os amparos e resguardos de abraços oficiosos,
De beija-flor de fidelidade dissimulada. 
Sebes de cedros que cederam à acalmia
E um pinheiro manso que enraizou na ventania.


Dito isto e dito de outro modo e outra vez,
A flor da laranjeira ficou em branco pérola,
O anjo, resplandecente, perdeu a auréola.
Mas, o espinheiro deu viço e melhorou a tez.
Do jardim, que agora é um bravio valado,
Não colho flores, colho amoras descansado.