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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pelo nobre amor, em desuso


Tranquilo, contemplo as falsas esperanças,
Que de tão falsas, de tão velhas e usadas,
Se tornaram em verdades plenas e veladas.
As exultações desabridas de revoltas mansas.

Vontades que vão e voltam, em delicadas danças.
Uns dias trazem agonias, zelosamente, reservadas
E noutros sobrevêm as venturas, em incúria, poupadas.
Como é bom sentir e saber que não te cansas.

Como eu aprecio esse nobre amor, em desuso,
Que eu, sôfrega e desprendidamente, desfruto
E à sombra do qual me engrandeço e reduzo.

Não desisto do sonho de alcançar um assim, em absoluto.
Por não ser para mim, a sua falta, plácido, assinalo e acuso.
Cultivo-o e, por ele, prudente, docilmente e sem cegueiras, luto.


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Mexer sem agitar



O meu silêncio não cabe na Terra,
Sobra-me a ausência que me encerra.
O fogo não consumiu as razões,
O bom senso ou a temperança.
Ó doce, ó travo de lembrança,
De velhas e passadas ilusões,
Tónico e sanha da mudança.

Calo-me, fala-te o Mundo
E não podes perder um segundo,
Com os meus sonhos de felicidade.
A tua conciliação não ilude,
Quando a ternura é um toque rude.
Guardo, indefinidamente, a saudade
Da antiga, solícita e perdida, atitude.

Sobra o ar que não me sacia o peito.
Resta o original sorriso contrafeito,
E a crua verdade encapotada.
Pára-me a vontade que me move,
No consentimento que reprove.
Vejo, sem ver, a redentora cilada,
Em ternura, que cativa e demove.

Numa onda de contínuo contentamento,
Em doce aproximação e amargo afastamento,
Felicidades, amada, na alegria do afago.
Não são milagres, nem fantasias,
Nem eu serei igual todos os dias,
São alvoroço e serenidade, o que te trago
E vão de encontro ao encontro que anuncias.

Mesmo que o "para sempre" não perdure,
Que a dúvida de um futuro não amargure
Este instante de partilha, presente de paixão.
É a afortunada desocupação que tem emprego,
Este é o desprendimento onde há apego,
Um momento em movimento de alienação.
Esta é a paz onde não há sossego.

Quero dar-te, amor, o meu colo,
Usa-o em consciência, sem protocolo.
Faz dele desassossego e local de quietude.
Reconforta e debilita o desejo
E na tristeza, concebe, nele, o festejo.
Visita-o sem pudor, em recato e amiúde,
Satisfaz a cruel míngua de sobejo.