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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Prenda antiga


Dupla prenda


Ainda não realizei em mim o fundamento.
Posso dar muitas voltas para entender a razão,
E ir e voltar sem perceber, sem encontrar explicação.
Posso, apenas, ficar com o meu descontentamento,
Porque o acto não mereceu um simples comentário,
Ou uma palavra atirada, simples, medíocre ou grosseira.
Porque a acção foi perpetrada com um rancor ordinário
De quem desfaz, orgulhosamente, uma bondade interesseira.


Na passagem desse vendaval, de desmedida confusão,
Estranho muito a tua estranha forma de dar,
Que é oferecer um presente para depois o tirar.
Não falo de amor, amar, sentimentos, afeição.
Não falo do hipotético valor, mas de valores.
Falo do objecto dado em nome de outra pessoa,
Depois retirado em nome próprio, sem clamores.
Sem pensar ou a desejar que a acção pese, doa!


Se por acaso foi dado sob alguma inexplicada condição
E o uso, o apreço, o apego e afecto que lhe dediquei,
O lugar, que tão junto a mim e carinhosamente, lhe reservei,
Não estiveram à altura da imaginária e velada pretensão,
Será motivo para que, manifesto e aclarado o intuito,
Seja retirada a oferenda, sem qualquer reparo ou indicação?!
Ou é um acto reles, rapinador, cobarde, violento e gratuito?
(Concedo-me um breve, mas reparador, momento de exaltação.)


Claro que, quando me apercebi, fiquei fulo, enfadado!
Mas, cravo a intenção no desprezo que é merecido.
Não peço de volta o gesto sincero de agradecido.
Não é por desuso que não desejo o provérbio realizado.
( «Quem dá e volta a tirar ao Inferno vai parar» )
É por não acreditar e não ser essa a minha consciência.
É por não querer e não desejar o tormento de odiar.
É por ter mais onde gastar o tempo e pela decência.




Primeiro, o presente recebido. Depois, o presente que é o facto de ficar sem ele.