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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

quinta-feira, 11 de julho de 2013

saudade urbana




com o efémero por sombra
com palavras insolúveis
rumo ao muro caído
as imagens corrompidas pedem ajuda
neste lugar de improviso
onde os termos preenchem o vazio
nos alicerces das prosas soltas e livres
sem paralelo ou arbítrio de sons mais ténues
transporto um ponto num ancoradouro
e numa vontade sociável
que se funde no mar depois do céu



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Aqui, com um pé no infinito ou hoje, ainda ontem



Aveiro - Ria de Aveiro

Aqui, com um pé no infinito
 ou 
Hoje, ainda ontem


Estou na pulsão criadora do Universo,
O ímpeto gregário de agregação
E em qualquer parte, verso ou reverso.

Neste espaço que não é fronteira,
Neste tempo que emerge em qualquer período,
Tocámos-nos e tocamos, sem nos tocar, sem barreira.

Estivesse eu em Marte,
Poderia, ainda assim, sentir o teu odor
E reconhecer-te em qualquer parte,
No fio condutor do amor,
Esse meu desconhecimento, que se reparte.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Neste lugar sem data


Demoro-me secretamente no que não existe
Nada há a perder ou a ganhar
O amor deixa de o ser e agora é
Nas palavras que podem sonhar
E silêncios feitos de essências discretas
Como fortalezas de bruma
Direitos que decretam direitos
Que consentem devaneios
Em artigos de liberdade
Como mensageiros de polissemia

Primeiro pensei era um pesadelo
Crente num sentimento sem alma
Bonito e corajoso por fora
Decrépito e senil por dentro
Mas depois esmaguei-me na realidade
De uma afirmação inconfidente
Que deixa uma sílaba
E vejo os seixos nos meus olhos
A darem-me um caminho
Que nem próximo me vê

Agora é mais fácil saber onde começar
Todos os erros me fizeram crescer
Eu sou apenas um homem que sempre foi
Com um punhado de palavras
De um natural ambíguo
Que se libertaram da pontuação
Num gesto animal de fadiga
E ficarão assim para a eternidade
Vocábulos de múltiplas identidades
Sensações e sentimentos imperfeitos
Em pontos que estimulam o lapso
Com gemidos de bem-estar e prazer

Eu espero veladamente sem ti
Estou em abraços com poemas
Um saber e calar pausadamente
Capturado num sonho que é real
E é uma visão e conceito e som e gosto e tacto
É uma permanente metáfora
É um universo em recriação
É um disparate de sentidos
Mas não é posse
Vive e convive na minha alma
Dá-me esperança
Descansa e por cá fica


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

Tempo simples


Sim
Dorme
Por fim
A última centelha
A não conforme
Por concluir o dia assim

Os pedacinhos de espelho
(Pequenos charcos formados pela água da chuva)
Exibem o sorriso aberto
Em tom de concelho
Esperam que a Lua suba
E preencha o deserto
Num boletim informativo
Que fala de perspectiva
De uma qualquer alternativa
E de um qualquer motivo

O grito exclama no peito
Onde tudo importa
Onde se mantém aberta a porta
E o desejo é completo e perfeito.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lugar incomum


Encontrei, no sótão, alguns afectos
mal arrumados,
como que abandonados. Fiquei,
e eles comigo, sem palavras. Sempre
as palavras ou a falta delas.
Quando não há palavras não se
pode começar, nada,
com elas.
Parece óbvio
e impõe-se que o seja e o pronuncie.

Alguns afectos tinham companhia
ou
acompanhantes.
Nuns casos era o medo
ou vários medos, também, mudos e,
alguns, ainda, sós.
Noutros, casos, era a razão
ou as razões,
que, em algumas situações, acompanhavam
só o medo; ou o medo e os afectos, quando não
estavam isoladas.

Vi anais pueris, a brincar com
as coisas sérias;
com as sisudas; com as
misérias.
Nunca deixarão de ser o
que eram.

Tropecei em pedaços de carácter,
perdido,
Sem vocábulos ou termos.
Fragmentos que se
misturam com todos os
sentimentos, visíveis
ou invisíveis.

Havia um covil, do ardil, descoberto,
mas tapado,
com os olhos grandes já de fora;
Asas, asinhas, aselhas e asas sobresselentes;
Halos, com auréolas, e diademas;
Sortes e reveses.

Não sei quantos afectos, e/ou
medos e/ou razões desceram comigo, para
este chão desarrumado.
Ou se, por desventura ou fortuna,
terá descido alguém.