domingo, 15 de agosto de 2010

Continuação



Continuação

O afecto cresceu à volta de um Homem só
E não o deixou, nem para o descanso do dia.
Naquele momento começou o toque de uma melodia
Alegre, bonita, levantando as camadas de um pó
Velho, bafiento e desconfiado, pelas amarguras
De desencontros, desencantos e desventuras.

Sem medos avançou pela vida e abraçou o amor.
Uns tropeços caíram e outros de pronto se levantaram
A par de uns pares de mentiras ouvidas, pois contaram
E nunca ninguém provou a sua verdade e o seu calor.
As anedotas e invejas, as revoltas e intrigas urdidas,
Queimaram-se num passado de felicidades vividas.

Viver na entrega, na dedicação e na procura diária,
Como num namoro constante e nunca esquecido.
Uma união sempre presente e no Homem enriquecido,
Possuído e revestido por uma força extraordinária.
Foi um bom inverno, foi uma boa primavera, é um bom verão.
Espera, mas não sentado, continuar perto da viva emoção.

Homem em quem cresceu o afecto, para onde vais tu agora?
Olha a tua volta e vê a solidão de quem nada deu,
Escuta e ouve o silêncio de quem por egoísmo se perdeu,
Camuflando uma vida sem nela estar dentro nem fora.
Sente a calma da consciência tranquila e do dever comprido.
Hoje vais ser feliz, porque não te deixaste ficar desiludido.

O afecto continua livremente no Homem para servir e ser servido.

Esgueira, 12 de Julho de 2001.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Dia de São Valentim



Dia de São Valentim

Sabes, procuro o alento nas nossas recordações
E mais me fazem sentir a tua já sentida falta.
Porque estou eu sentado e sem ti de verdade?
Formulo esta e muitas mais questões,
Enquanto a memória procura e salta,
É sempre à noite, possivelmente pela oportunidade.

Lembro-me de outras buscas, outras ausências,
Outras noites duráveis de contínua saudade.
Fico a olhar parado e sem ver nada,
Só o passado, as histórias, as vivências.
Sempre a mesma e já conhecida ansiedade,
Nem o sono vem, nem a leva descansada.

Saúdo a noite e a manhã com os braços vazios.
Começo este novo dia com a certeza do nosso amor
E um nosso passado curto, mas de bons momentos.
Quero ter-te e aquecer todos os teus frios,
Acariciar todo o teu corpo sem pudor
E mitigar, mesmo, todos os teus lamentos.

Ouvi-te dizer as palavras mágicas e também já as li.
Por elas abriram-se as portas de um futuro
Para além da imaginação, tão longe e tão perto daqui.

Esgueira, 14 de Fevereiro de 2001.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Noção do saber



Noção do saber

Acordo uma vez mais e longe de ti.
Sentado fico a reviver lembranças,
Num presente repleto de esperanças.
E quero, mas eu hoje ainda não te senti.

Contra o hábito, fiquei. Não me arrependi.
Dos meus sonhos ficaram as tuas danças,
Livre gostar, amor de entregas mansas.
Para saciar a sede te percorri.

Descerro a estampada insígnia da alegria,
Por poder sentir um homem crescido,
Nesta noite fria de mais um outro dia.

Pudesse eu gritar para ser ouvido,
Pela musa viva inspiradora e guia,
Para nunca mais viver esquecido.

Albergaria-A-Velha, 19 de Dezembro de 2000.