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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Essência


Eu tenho paciência

Os rios sobrevivem às lágrimas ocupadas
Por falsas e pintadas bruxas de insegurança
Que se sustentam numa ténue esperança
E em torturas de despedidas fabricadas

Ensina-me a amar

Ornam-se borboletas azuis errantes
Sacrificadas por palavras mascaradas
Que convocam e seguem as emboscadas
De políticos corruptos e de falsos protestantes

Ensina-me a ser amado

Esperam com os salgueiros nos combros
Porque as demagogias insuspeitas
Abateram as democracias imperfeitas
Em teses organizadas por escombros

Eu acredito e aconchego

Segundam informadores diminutos
Em jargões modelados e acabados
Os eleitos em leitos de quartos ensopados
Contrastam com os leitos de rios enxutos

Mas não luto contra a natureza


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vago


     Depois do depois, vem o nada da presença e o nada da ausência; o peso incomum do tumulto das palavras amontoadas e a ligeireza descomunal do motim do silêncio. Cresce a poeira formada pelos sonhos, assim como os erros das recordações e das memórias.

     Em breve termina outro repto e está garantido o êxito do insucesso e o [meu] consequente triunfo. É necessário afastar a jardas de metáforas e recolocar os alforjes e as albardas para prosseguir.

     Entretanto, o génio cai por terra pelo compreensível, simples e eficiente feito e acção da passagem da época, da fase, do tempo e dos tropos. Por analogia, expurga-se a condenação do Sol e apressa-se a corrosão do ritmo, da existência e das figuras de pensamento.

     Habita em mim um Mundo que foge do Mundo onde habito.



sexta-feira, 27 de julho de 2012

No friso de diligência

A progenitora viu a senhora
Que a carregou
E que transporta aquele argumento
De fascínios botados e embotados,
Em fascículos de meias-luzes,
E quis apresentar um fosso de fé
Em verdades devolutas.

Não há razão para fechar a graça
A algumas unidades da entrada
No brilho nascente da onda,
Essa letal autenticidade,
Que desconhece o logro da sua vida,
Na vaga de impulsos contidos de entusiasmo
Gravado da base à crista,
Retira o provavelmente,
Que rebentará na areia
De coisa alguma,
E continua a sorrir, repetidamente,
Antes de expirar o período
Do seu mundo,
Enquanto os seus olhos fitam
O olhar do horizonte
A observar a perspectiva.

No somatório da febre do arco-íris
Que suportas,
E no choro,
E no jogo,
E no jorro da cores,
Se hoje sobra a lua,
Que não é de ninguém,
Fita a tua penumbra, a tua imagem
E abraça e aperta o mundo e o teu mundo.



quarta-feira, 28 de março de 2012

Pontos que ganham vida no horizonte



Pequenos espelhos,
Porções de vida;
Poções de alento;
Punções de momentos densos, ornados;
Portões de existência certificada;
Calam a sua relevância para uma zona mais indefinida
E diluem-se numa diversidade de cor e luz.
Fracções de presença;
Facções de entidade;
Funções de objecto;
Cintilam no infinito.
Memórias.

Os espasmos da areia que se funde,
No fundo de um horizonte afirmativo.
O mundo quer que eu seja feliz.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O meu mundo é pequeno


O meu mundo é pequeno
  
Porque querem ver-me acossado e acusado,
Se nos pensamentos sigo nu e desprendido?
Se o meu nó é de correr e sou perseguido,
Porque me tratam como a um alheado e atado?
Para quê ler e entender à letra e de forma mordaz,
Se não é assim que o digo, escrevo e sinto?
Sigo, desprendido, sei que estou ávido por paz.

Sei que o meu mundo é pequeno, enfezado,
Em comparação com o mundo desconhecido,
Em comparação com o mundo vivido
Entre fomes, guerras, enfado e o ser desprezado.
Quero ouvir a sinceridade e a justiça sagaz,
Sem comprometimentos com a falsa cortesia,
Sem alianças com a inveja e o ciúme, que desfaz.

Jurisprudência. Vejo a imprudência com desagrado.
Olho à volta e confirmo que estou só, perdido,
No desejo, na procura, na vontade, no ouvido.
Mas isso não me deixa mal-humorado, zangado.
Curiosamente, ganho uma força ignorada e audaz
Que me leva ingénua, arrebatada e decididamente,
Por outro caminho e absorto por um espírito sagaz.