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quinta-feira, 8 de março de 2012

Na tua liberdade


No teu tempo sem instante ou cunho
Que me demora e me recorda;
No teu olhar inquiridor e meigo,
Que me despe e mostra o Universo;
No teu espírito tenaz e cativante,
Que me preenche e faz acreditar;
No teu aperto forte e complacente,
Que me cerca sem exigência ou posse;
No teu sorriso justo e vasto,
Que me expande e dá felicidade;
Na tua vontade de mover o mundo,
Que me desarma e abre o espaço:
Enlaço-me,
Cresço
E amo!


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O período, a frequência, a frase e historietas padrão


     O movimento executado por um corpo e o tempo necessário para que se repita novamente. Observo o pêndulo que, fixo, oscila livremente. No inverso, o número de ocorrências do evento no período de tempo. Solto um enunciado com sentido completo, numa só palavra, finalizado por um ponto de exclamação.

     Em sequência, uma etapa inconsequente e, entre beijos muito verdes e narizes-de-cera, o episódio de um grão de areia que, sem vontade e locomoção própria, como qualquer outro grão de areia, sem atritos que detém a parcialidade de metamorfosear o sentido da vida, procurava, sem saber, um refúgio, ainda que fugaz, que o ocultasse das confusões, das fricções, das intrigas, das derivas, dos desentendimentos, dos cobros e dos dejectos das gaivotas.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aprestar

     Os elementos recolhidos ainda estão impregnados com a essência da natureza. A difusão de dados decorre paulatinamente, mas está praticamente concluída. Ecoam algumas emoções antigas, imbuídas em sentimentos razoáveis, que se tornam lentas e pesadas pela carga inútil das palavras que transportam. O atributo de um predicado caiu como uma folha caduca.

     Não sou dono dos termos, nem mesmo daqueles que invento ou agrupo. As palavras livres nunca deveriam ser aprisionadas. Deveriam poder ser cumpridas todas as promessas formuladas e manifestadas em liberdade.

     Sou uma variável independente e faço parte de um sumário no assunto de uma conjectura. Dizer que se é diferente, ou que se quer ser diferente, não significa, necessariamente, trocar o género ou gostar de seres do mesmo género, não forçosamente por vergonha, mas, plausível e provavelmente, por opção, e sem o considerar absurdo. Assim como dizer que se está mareado, aturdido ou sóbrio, não significa que se seja ébrio, dopado ou dependente física e/ou psicologicamente de uma substancia tóxica. Mas poderia ser. Ser diferente é uma realidade particular num contexto comum, globalizado, onde todos deveriam ser iguais em direitos e deveres.

     Gosto de páginas intencionalmente deixadas em branco, quando estas fazem sentido e fazem sentido quando lhes experimentamos um vazio premeditado e proveitoso. Agradam-me os silêncios intencionalmente instituídos, quando estes fazem sentido e fazem sentido quando não há mais nada de útil, ou construtivo, a dizer; ou quando estes dizem tudo o que resta dizer. Gosto das analogias de união que algumas linhas me apontam; que algumas pontes me dirigem.

     Diz-se que o poeta é torpe, inútil, fútil. Assim, ser-se poeta é uma constatação de impotência.

     Apenas para mim, parece existir pelo menos uma justiça divina que me pode absolver ou punir.

22 de Dezembro de 2011.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Só para dizer [XVI]:


     Conheço bem os percursos da falácia, por vezes mascarados de «constatação», outras vezes encobertos pelo apelo da «relatividade» ou «condicionalismo» filosóficos, científicos ou populares, cuidadosamente manipulados, quando não se apresentam pela simples «refutação» ou «negação». Porém, apesar disso, em abono da verdade, devo dizer que, na aparente liberdade da poesia, também cabe o gostar, o concordar e o não gostar, o não concordar de quem lê.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Digo eu

   
Grita a liberdade
-Subordinação, um desassossego!
 
Afastei-me da brisa suave e fugaz,
Para que não sentisses ciúme;
Saí do planalto e do cume,
Para que não me chamasses cartaz.
 
Fugi da embriaguez da maresia audaz,
(A minha felicidade era o teu azedume),
Arquei com tudo, como quem assume,
Mas, de mais, eu não sei se sou capaz.
 
Esperei por uma palavra, por um toque,
Uma carícia ténue, subtil, suave…
Andei iludido, perplexo, a reboque!
 
Neste meu canto modesto, sem chave,
Estou sempre a um canto, em choque!
De nada serve a sujeição, é um entrave!
 
- Henrique Caldeira
  24 de Abril de 2008