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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma visão





Provavelmente magia
Energia
Num instante
Radiante
Sem ciência
Votam os arbítrios da essência
Em sentidos que se unem
Munem
Em sentimentos que se agarram
E em sinceridade sólida se amarram
Num rio de intenções
Mais do que meras projecções
Na sombra de uma memória
Que refuta qualquer glória
Na bruma de um baú
Um espectro como tu


sábado, 5 de maio de 2012

Tempo simples


Sim
Dorme
Por fim
A última centelha
A não conforme
Por concluir o dia assim

Os pedacinhos de espelho
(Pequenos charcos formados pela água da chuva)
Exibem o sorriso aberto
Em tom de concelho
Esperam que a Lua suba
E preencha o deserto
Num boletim informativo
Que fala de perspectiva
De uma qualquer alternativa
E de um qualquer motivo

O grito exclama no peito
Onde tudo importa
Onde se mantém aberta a porta
E o desejo é completo e perfeito.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Pontos que ganham vida no horizonte



Pequenos espelhos,
Porções de vida;
Poções de alento;
Punções de momentos densos, ornados;
Portões de existência certificada;
Calam a sua relevância para uma zona mais indefinida
E diluem-se numa diversidade de cor e luz.
Fracções de presença;
Facções de entidade;
Funções de objecto;
Cintilam no infinito.
Memórias.

Os espasmos da areia que se funde,
No fundo de um horizonte afirmativo.
O mundo quer que eu seja feliz.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Breviário [XV]


   A jornada precipitou-me para a orla do precipício. Abismo!

   À beira do abismo coloco um espelho, não para me poder contemplar mas, para, quando o pretender, poder ver mais chão em frente.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Condutividade



     Sem discordar da orientação e do sentido do reflexo que observo no mostruário, que partilho, não consigo deixar, contudo, de confrontar, possivelmente, o incomparável, e recordo a imagem devolvida pelo espelho de água. Penso no arremedo de respostas e de gentileza, representações que se consubstanciam num delito e num delírio de concepção.

     Ocasionalmente, consigo identificar e constatar a repartição benevolente e franca e distingui-la da distribuição de ambições, rancores e ciúmes; consigo assimilar e reconhecer que não conheço ninguém.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Só para dizer [VIII]:



     Querido espelho, pois bem, voltei! Sem prodígio, é certo, como é certo, também, e bem podes constatar, que continuo cansado e a receber muitos mimos. Cheguei a casa e o cão rosnou qualquer coisa que não entendi. O gato rosnou para o cão, para mim e para o ouriço que lhe vai furtar a ração. Creio que a crise também deverá ter chegado ao mundo dos animais, nomeadamente, ao mundo dos ouriços, e eu aqui, a falar contigo…


     Imagens de ligar e desligar.




Rosnar - emitir, qualquer animal, especialmente o cão, um ruído surdo e ameaçador
(Porto Editora)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Miríades



Miríades

O novo espelho da imagem imita a dobra
Que reluz, do passado, a eterna demência
Do primogénito agravado, elevado à potência,
De um título mais importante do que a obra;
De um rótulo mais eficaz do que o contido;
De um cabeçalho que diz mais do que o texto.
Sentimentos de um exemplar deflectido
Na assunção de um fundamento sem pretexto.

Formas líquidas e cristalinas de um amor ineficaz.
Primeiro pé-de-cantiga reminiscente, de lugar-comum,
Tão sério, tão intenso, mas tão brincalhão e tão fugaz.
Fragmentos de bem-querer sem fundamento,
Sobranceiro à chama, embebido pelo rocio
Num clarão arrebatado de um festivo cio.
Do nada surgiu a vontade vazia e o pressentimento.
Por muito pouco, a alma, espessa, já existia
Na estranheza das fragas de uma sindicância.
O todo, o quase e o nada são uma heresia
Perante a indivisível incompatibilidade e ânsia.

Nariz, 17 de Junho de 2010.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

[Em pouco tempo, ou não…] II – Reflexos


     Reflexos


A partir de um espelho, no Abismo, há muito tempo.

     Imagina que, ontem ou anteontem, cheguei a escrever, como comentário, que estava do lado errado do espelho. Claro que apaguei a afirmação. Eu já não tenho a certeza de qual é o lado certo e correcto, mas parece que estou sempre enganado. Embora, muitas vezes, o lado errado seja o lado exemplar, perfeito e o lado do bem, eu penso que estou sempre do lado mau. Fiquei, apenas, pelo desencontro, não fui além disso. Só isso ficou escrito.

     Acredita que, já há muito tempo, comecei a fraquejar. Já fui além do ceder e da irritação, já perdi a razão. Por vezes convenço-me que tudo, mesmo tudo, é subjectivo e tento aceitar esse todo e tudo dessa forma, dentro da subjectividade. Reservo-me e fico quieto a ouvir o vento, ou, quando posso, as ondas. Contudo, muitas vezes não o penso assim. É difícil, para mim, assistir ao chorrilho de mentiras e dissimulações sem que a revolta me tolde a serenidade e me paralise a bondade. Os enganos e os desenganos cercam-me e encarnam naqueles que me rodeiam e que já deixei de conhecer, porém, reconheço-os.


     Vejo que a omissão parece ser libertadora, a salvação ou absolvição e, até, justificação para qualquer falta de escrúpulo. Vejo, e testemunho, o reflexo da supressão de uma passagem, ilegal para a união, que quase me passava despercebida. Agradeço-te a frontalidade e por me mostrares alguns detalhes, só assim consigo ver e saber.


     Estou cansado deste jogo aéreo e deste jogo rasteiro, pouco esclarecidos e trapalhões, com regras em constante mutação e desiguais entre iguais. Tenho piedade, dó, dos inocentes, aqueles que sofrem e sofrerão e os que virão a sofrer com o resultado destes atropelos. Lamento e lamentarei, se as forças me faltarem por completo e crescerem outras no seu lugar, mas será uma alegria para a sanidade e para a serenidade.


     O ano passado foi difícil, mas este ano é, normalmente, pior.


     Levo a peito o despeito. Abro o meu peito e o respeito. Sabes como me irritam a arrogância e a altivez dos que, sabendo-se errados e descobertos, continuam cheios de razão, impunes e de peito feito.


     Até breve, espelho!