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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

alvorada






vimos o nascer dos dias, várias vezes,
sem palavras, sem nos vermos.
tínhamos ganho a forma introspectiva
e a amizade que nos unia aos horizontes.
os dias já nasciam com despedidas.
eu acreditei no teu corpo impulsivo.
tudo era verdade e verdadeiro,
como o marulho e as construções,
na areia. de todos ficou a memória.





-inicialmente no paralelo [31 de julho de 2014]
o fim do paralelo

sábado, 13 de setembro de 2014

conto-te agora





nas artérias um caminho 
de cidade pequena. 
talvez me vista de suor 
que reluta em explicar-se 
sem ser em alegria, 
como se fosse a primavera 
numa aproximação de desígnio 
que a cada coisa dá um valor 
sem preço, ou como um jardim 
num indício de alvorada límpida.





-inicialmente no paralelo [23 de junho de 2014]

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

sabes como é a vida…






a ria, que por amor beija o mar 
e para laguna deixar de ser, 
também reflecte a cidade em si, 
num abraço de vida e afecto. 
eu, que beijo o ar, 
por determinação e princípios, 
possuo fortalezas de convicções 
que se desmoronam quando chegas… 
que posso eu dizer, agora, a saudade? 




-inicialmente no paralelo [09 de junho de 2014]

terça-feira, 9 de setembro de 2014

como alento





ontem, dei todo um soneto às gaivotas! 
era um novo soneto com o perfume do mar, 
vários traços de pôr-do-sol e ilhotas, 
e abraços, daqueles sinceros e de alentar. 
dei-o partido em pedacinhos de sentidos 
sem arestas, descalços e despidos; 
dei-o com todo o cuidado e desprendimento. 
desisti de dá-los aos pombos correios, 
que os traziam de volta, em sofrimento, 
debicados por fora e cansados dos passeios. 




-inicialmente no paralelo [03 de junho de 2014]

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

desfile de naturalidades





o céu enche-se de mar e maresia 
na linha do perfeito horizonte, tão próximo; 
o mar procura beijar as raízes das árvores 
e enche-se de razões de sal e de sons antigos; 
as árvores enchem-se de folhas distantes, 
mas que não se sentem sós, e fogem do mar; 
as folhas enchem-se de letras estranhas, 
de várias cores, tamanhos e formas; 
as letras vão caindo, caladas, sobre o chão, 
formando pequenos grupos de manifestação; 
o chão procura ser o substrato potenciador 
de vida, o rumo certo, mas dorme, sob o céu… 
eu encho-me de céu, de mar, de árvores, de folhas, 
de letras, de chão, de céu… e de intervalos! 
no intervalo, escrevo poemas com o que resta 
e, por vezes, resto apenas eu! 




-inicialmente no paralelo [29 de maio de 2014]

sábado, 6 de setembro de 2014

a figura de uma ilusão






gosto da parte invisível do amor. 
gosto de ficar a olhar para tuas cores 
e nelas urdir histórias em alvoroço, 
contudo, protectoras e carinhosas; 
de inspirar profundamente o teu odor 
e inebriar os sentidos embaraçados, 
que nem procuram fazer sentido; 
de tactear leve e lentamente as formas 
e de mapeá-las mentalmente, sem prazo. 
como é anedótico o meu sonho de sonho 
construído, porque não te tenho e nada é 
para sempre! 




-inicialmente no paralelo [22 de maio de 2014]

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

de forma que é assim





há uma forma sem sombra 
que vejo em sonhos e trago em mim. 
uma forma repleta de recordações, 
contudo, coisas que eu nunca vi. 
fala de projectos em sonhos 
que nunca se vão concretizar. 
um parecer distinto e audaz; 
uma linha sem horizonte; 
momentos engalanados… 
a forma de amar. 




-inicialmente no paralelo [14 de maio de 2014]

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

se olharmos com atenção




é assim o sorriso de certas palavras: consistente. 
um sorriso firme, tão genuíno e contagiante, 
que percorre a noite como um foco de luz; 
que demora na retina e se propaga docemente 
a todos os sentidos, capaz de apaziguar o pesar 
dos dias que escarnecem a existência circundante. 
sorriso com perfumes, com melodias, com sabores, 
com tonalidades, com temperaturas, com formas; 
que abraça segura, lânguida e despudoradamente, 
num arrebatamento manifesto e próximo do infinito.




-inicialmente no paralelo [06 de maio de 2014]

terça-feira, 2 de setembro de 2014

nos dias inabaláveis





acordámos o cerco à fronteira daquele medo
que adormece quase todas as manhãs,
próximo da avenida pejada de gente,
e que desperta quase todas as noites,
naquelas ruas estreitas, tortas e escuras,
que rondam o quarto, como fases cheias,
carregadas de lua sem desculpas ou corpo.
adiámos a tristeza, ainda que seja num hiato,
num deferimento completo da vida,
para quem uma vida inteira é insuficiente.




-inicialmente no paralelo [30 de abril de 2014]

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

mais coisa, menos coisa




há tempo para umas palavras 
que se evadiram da poesia 
e que se perderam pela tarde, 
repartindo silêncios pelos olhos, 
lugares imensos que se expõem 
nas minhas mãos repletas de longe. 
longe nem sempre é a distância, 
pode ser a circunstância de escrever 
espaços no céu e na água do mar, 
o mesmo mar de corpo empanturrado 
de gritos de poemas contundentes 
e de caminhos em construção. 



-inicialmente no paralelo [25 de abril de 2014]


terça-feira, 26 de agosto de 2014

solvente





em cada grão de poeira,
depositado nas palavras fugidias
de uma história insolvente,
há um alerta de sobressalto
que sobrevém sem termo
às manhãs que já passaram,
às tardes que são memórias,
às noites que são trevas.
nunca deixei de ser a sede
que o imposto me seca
nas mãos vazias e despidas,
até da pobreza de um sonho,
que ainda assim o anunciam.



-inicialmente no paralelo [17 de abril de 2014]

sábado, 9 de agosto de 2014

paralelo, o início





deste lado também existe um paralelo, 
com linhas que desfiguram a paisagem, 
onde qualquer pessoa pode começar, 
hoje. 
o tempo nunca há-de entender 
o sofrimento ameno das dores de parto 
ou das dores da partida, 
nas dores do amor. 




-inicialmente no paralelo [07 de abril de 2014]