Bastas noites, em claro e em vão, esperei pelas musas,
Em vários pontos, à beira da ria, como eu, sem sorte.
Procurei de nascente ao poente e de sul ao norte,
Em todos os braços da cidade e nas salinas mais escusas.
Não as vi em sombras, visões, nem em formas difusas;
Não ouvi as suas vozes ou cantos, em fundo ou recorte.
Procurei, cercado pelas mesmas palavras de suporte
E em pedaços de vocábulos culpei a poluição e as eclusas.
Fiz e desfiz gelhas e vergões, entre outros sinais.
Pintei, até, moliceiros com versos de múltiplas cores;
Marquei todas as passagens, esconderijos e canais.
Esperei que os orvalhos levassem e lavassem os odores,
Os estranhos, os sabidos e os desconhecidos, e não
naturais.
Ai triste! Ai de mim! Não poeta sem românticos amores.
Cais dos Mercantéis, Aveiro, 27 de Outubro de 2011.