Os
elementos recolhidos ainda estão impregnados com a essência da natureza. A
difusão de dados decorre paulatinamente, mas está praticamente concluída. Ecoam
algumas emoções antigas, imbuídas em sentimentos razoáveis, que se tornam lentas e pesadas pela carga inútil das
palavras que transportam. O atributo de um predicado caiu como uma folha
caduca.
Não
sou dono dos termos, nem mesmo daqueles que invento ou agrupo. As palavras
livres nunca deveriam ser aprisionadas. Deveriam poder ser cumpridas todas as
promessas formuladas e manifestadas em liberdade.
Sou
uma variável independente e faço parte de um sumário no assunto de uma
conjectura. Dizer que se é diferente, ou que se quer ser diferente, não
significa, necessariamente, trocar o género ou gostar de seres do mesmo género,
não forçosamente por vergonha, mas, plausível e provavelmente, por opção, e sem
o considerar absurdo. Assim como dizer que se está mareado, aturdido ou sóbrio,
não significa que se seja ébrio, dopado ou dependente física e/ou
psicologicamente de uma substancia tóxica. Mas poderia ser. Ser diferente é uma
realidade particular num contexto comum, globalizado, onde todos deveriam ser
iguais em direitos e deveres.
Gosto de páginas
intencionalmente deixadas em branco, quando estas fazem sentido e fazem
sentido quando lhes experimentamos um vazio premeditado e proveitoso. Agradam-me os
silêncios intencionalmente instituídos, quando estes fazem sentido e fazem
sentido quando não há mais nada de útil, ou construtivo, a dizer; ou quando
estes dizem tudo o que resta dizer. Gosto das
analogias de união que algumas linhas me apontam; que algumas pontes me
dirigem.
Diz-se
que o poeta é torpe, inútil, fútil. Assim, ser-se poeta é uma constatação de
impotência.
Apenas para mim, parece
existir pelo menos uma justiça divina que me pode absolver ou punir.
22
de Dezembro de 2011.