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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vindo do quase




Quase sempre, quase quase.
Não me digas que o quase fica fora de mim,
Ou que me foco e vivo no quase,
Quase em silêncio.

O sonho pode ser um quase,
Que quase nos aproxima, ou quase nos afasta,
Numa quase realidade
E eu deixei um desejo, quase pintado,
Num, quase, tu e eu.

É quase um dia,
Neste quase mundo,
Numa quase rotação,
Onde quase estamos e quase existimos,
Numa roda-viva, vida, quase.

Eu nunca serei tudo;
Eu nunca serei todo;
Eu conheço a relatividade,
Vi o seu rosto a beijar-me, ou quase,
Abraçado, ou quase, pelos seus, ou quase, braços,
E eu quase.
Eu apenas.



terça-feira, 5 de março de 2013

saudações




deixo-vos a Lua
e um início de bruma,
fico com a inexistência
do meu regresso da rua.
assisto um frio que se avoluma
e que se aquece na dormência
e na frase nua
do vento que se apruma,
carregado da mais acérrima ausência.

ainda que a sombra se embarace,
não me detenho no pretenso recato
do tapete da idade.
não há margem que não me abrace
e apenso a sucessão do respirar pacato
à fatia de liberdade.
dessalgo a face,
tiro a pedra do sapato
e engulo a saudade.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Inúmero




Eu, para além de um número
E de espectro,
Estou sempre próximo do infinito,
Tão perto que estou sempre próximo de principiar,
E princípio é esse gume fino
Que pode ser terminar por outros
E, para outros, apenas o fim.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O fardo da noite


O fardo da noite

Nuns versos descarnados, em acto inacabado,
Recolho os fragmentos de um brio caído,
Mas sempre em construção e em sentido.
Procurei saber para onde vou tão apressado,
Sem conseguir obter uma razão ou fundamento.
Já sem pressa, mas com urgência em dormir,
Carrego o peso do desconhecido, num lamento.

Apago a luz, respiro fundo, fecho os olhos.
Fico a sentir o frio da cama.
Abandono-me no escuro, que não me engana, nem ama,
Cansado de um dia sombrio e cheio de escolhos.
De olhos fechados, ao abandono,
Tento ser fiel aos meus princípios e sentidos,
Dispondo das palavras e ideias sem dono.

Arruíno a frase da prosa, com a proposição,
Poética e, despudoradamente, propositada.
Sentença da alheia sentença, minada e mimada.
A noite envolve-me em absoluta desproporção,
Fiel a sua grandeza e antiguidade.
Acomodo o corpo, com a mente torturada,
Não durmo, não descanso e perco a serenidade.

Por cada letra ou palavra, na ideia alinhavada,
Percorro vários caminhos, de forma indecisa.
Procuro-te, longamente, sem direcção precisa,
Numa ânsia de abrigo e protecção ajustada.
Não tenho medo da escuridão, 
Não sou um protagonista audacioso,
É esta angústia existencial, sem alegação.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Deambulando


Procuro as ausentes respostas.
Saio para a rua.
Respiro fundo, endireito as costas.
Sinto-me bem a olhar para a Lua.

Companheira, de quem é a verdade?
Pareço um louco, seguramente.
Falo sozinho, é a realidade,
E sigo pelo caminho sem gente.

Aperto o passo.
Olho para o chão,
Para disfarçar o embaraço.
Continuo em reflexão.

Sinto um arrepio de frio,
Inspiro demorado, uma vez mais.
Ah, a ria! Estou no Rossio.
Não emanam bons aromas estes canais.

Volto, não vou em frente.
Há caminhos que eu não quero,
Nem dentro, nem rente!
O que procuro não está ali, espero.

Sacramento de ilusórios prazeres!
A ria já não tem musas verdadeiras,
Terão, hoje, outros afazeres…
Talvez sejam mais caseiras.

Não as condeno. Afinidade.
Esta água profanada,
Que, moribunda, reclama e brade,
Recupera mas é insana.

Respostas? Não encontrei,
Trago mais quesitos.
Mas valeu a pena! Arejei.
E encontrei alguns rostos bonitos…

01/03/2007



sábado, 10 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Instantâneo diferido



     Momentos. Revejo alguns negativos, tiras antigas de filme fotográfico, revelados mas não divulgados. As suas manchas ganham vida no meu cérebro, e crescem lembranças, momentos, histórias. A profundidade de campo, por vezes diminuta, revela novos incidentes ou confirma a profundidade e a elevação das recordações.


     Os pequenos espelhos transformam alguns retalhos de vida. Nivelam a sua importância para uma zona mais neutra e diluem-se numa diferença de cor e na presença da imobilidade. Outras fracções de existência, vistas por este prisma, agigantam-se ou diminuem.


     Crescem e afrouxam sorrisos; desaparecem, ou despontam, embaraços, vergonhas. Memórias.


     No fundo, revejo alguns positivos.

sábado, 3 de setembro de 2011

Em modo de observação



     Uma mulher puxa, sem violência, uma criança pela mão, não porque esta, criança, não consiga acompanha-la, creio eu, mas, porque deixa para trás outros interesses ou outras vontades. Muitas vezes somos arrastados, ou deixamo-nos levar, ou queremos ser puxados: com alternativa, ou sem opção, ou alheados; por bondade, ou por poder, ou por distracção; por pessoas, ou por circunstâncias, ou pelo tempo, ou por vontades.


     Os cenários e as variáveis desses percursos podem complicar-se, multiplicar-se por diversas combinações. Não me apetece dissecar as idas na enxurrada ou contra a corrente, deixo o tema numa gaveta próxima. Quero absorver as cores, os movimentos, os odores, as sensações. Contemplação.


     Mais crianças seguem de mãos dadas, felizes, indiferentes ou contrariadas; em duetos ou em grupos. Por outro lado, por outros motivos, também há pares de jovens e/ou adultos que circulam de mãos dadas, possivelmente, por vontade de materializar a união; um simbolismo da caminhada conjunta, una, indivisível, de um só sentido; um estado de fusão. Indivíduos unidos sem distinção de género, raça e credo.


     É um ponto de partida e/ou de chegada.


     Haja paz!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

E hoje… (II)

 Deserto 

fotografia de morenitta.

     ... Pior do que a sensação aflitiva de quem corre e não consegue sair do lugar, sinto que não sei para onde me estou a encaminhar. Fujo dos lugares comuns, fujo das pessoas, mas não consigo fugir... Nem sei para onde vou...

     *** intervalo***   
     

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Hoje... (II)
























   
     ... É um daqueles dias estranhos em que tenho a sensação aflitiva de quem corre e não consegue sair do lugar.




terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Rótulo de perdão




A etiqueta, da tua classificação,
Que disparas e colas, arrelia
E, outras vezes, cativa e delicia.
Leva e dá, alimenta e mata a confusão.
   
A arbitraria e desejada formatação,
Arvorada pela tua rebeldia,
Não passa de uma fantasia,
De personagem mimada, e frustração.

Não destruíste nada, construíste!
Compuseste o meu crescimento.
Não te cales, nem fiques triste.
  
Podemos, juntos, olhar para o firmamento
Com a alegria de quem, sem rancor, assiste,
Livre de amargura, vergonha e fingimento.
   
07 de Novembro de 2007
 


sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Dia-a-Dia


O jantar correu bem. Riram e brincaram sem discussão.
Beberam e conversaram como já não se recordavam de o fazer.
Não conteve a sua alegria e nem pensou que fosse ilusão.
Trocaram carícias e mimos deleitosos e de enternecer.
Olharam-se nos olhos longamente, sem fuga e sem temor,
E o tempo passou por eles, sereno, gentil e sem torpor.

A cozinha ficou por arrumar. Decidiram ir para o quarto.

Esperou. Preparou o seu corpo e a cama para a receber.
Rogou e desejou por uma noite de amor demorado e farto,
Ansiava pelo reencontro dos dois corpos sem temer.
Ela chegou. Esgueirou-se para a cama sem falha,
Esticou-se e pousou nos lençóis como numa mortalha.

Tentou afagá-la, um abraço. Tocar-lhe, já sem fantasia e almejo.

Ela disse mais nada querer. Virou costas e dormiu.
Ele sentiu-se afeminado, por sentir a frustração do desejo,
Por ter sonhado, por amar e sentir tudo o que sentiu.
Foi para a mansarda ver as estrelas naquela noite fria
E sentir o aroma de esperança de um novo rumo no novo dia.

Será de homem sair de casa e procurar outros braços?

Não. Ele não julgou ser coisa de mulher aguardar e sofrer,
Na esperança de um amanhã repleto de beijos sem embaraços.
Agarrou-se às memórias do último jantar sem adormecer.
Há quanto tempo aguardava por momentos assim de felicidade?
Quanto tempo vai ter que aguardar por outra oportunidade?

Cansado, recebeu a nova aurora como um paliativo para a amargura,

Para as incertezas e questões agigantadas como castelos altaneiros.
O trabalho irá mantê-lo longe, ocupado de forma segura,
Sem os fantasmas da solidão. Não tem amigos, nem conselheiros.
Na verdade, sabe que se fechou e sente que não tem ninguém.
Na verdade, não sabe se tem amor, se ainda o sente por alguém.



  
  
  

Dia-a-dia


O jantar correu bem. Riram e brincaram sem discussão.
Beberam e conversaram como já não se recordavam de o fazer.
Não conteve a sua alegria e nem pensou que fosse ilusão.
Trocaram carícias e mimos deleitosos e de enternecer.
Olharam-se nos olhos longamente, sem fuga e sem temor,
E o tempo passou por eles, sereno, gentil e sem torpor.

A cozinha ficou por arrumar. Decidiram ir para o quarto.

Esperou. Preparou o seu corpo e a cama para a receber.
Rogou e desejou por uma noite de amor demorado e farto,
Ansiava pelo reencontro dos dois corpos sem temer.
Ela chegou. Esgueirou-se para a cama sem falha,
Esticou-se e pousou nos lençóis como numa mortalha.

Tentou afagá-la, um abraço. Tocar-lhe, já sem fantasia e almejo.

Ela disse mais nada querer. Virou costas e dormiu.
Ele sentiu-se afeminado, por sentir a frustração do desejo,
Por ter sonhado, por amar e sentir tudo o que sentiu.
Foi para a mansarda ver as estrelas naquela noite fria
E sentir o aroma de esperança de um novo rumo no novo dia.

Será de homem sair de casa e procurar outros braços?

Não. Ele não julgou ser coisa de mulher aguardar e sofrer,
Na esperança de um amanhã repleto de beijos sem embaraços.
Agarrou-se às memórias do último jantar sem adormecer.
Há quanto tempo aguardava por momentos assim de felicidade?
Quanto tempo vai ter que aguardar por outra oportunidade?

Cansado, recebeu a nova aurora como um paliativo para a amargura,

Para as incertezas e questões agigantadas como castelos altaneiros.
O trabalho irá mantê-lo longe, ocupado de forma segura,
Sem os fantasmas da solidão. Não tem amigos, nem conselheiros.
Na verdade, sabe que se fechou e sente que não tem ninguém.
Na verdade, não sabe se tem amor, se ainda o sente por alguém.


[...fiquei cansado]