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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Folhelho


Alegadamente, nada é da cor que será;
Nada tem o comprimento que teve.
Sou feliz na tristeza menos carregada.
O amanhã num outro presente se verá
E o presente pode ser outra dádiva armadilhada.

Dispenso a dúvida com que sou condecorado,
Penso no lucro de mais um pequeno dia.
Agarro o brilho ilusório de um sentido,
Sem direcção, e rumo para o lado, para onde estou virado,
De pé, vagamente orientado e perdido.

Descubro que a Ilha, e o insular, sou eu.
Sou o Mar, o gasoso, a Natureza e nada,
Levemente pesado e pesadamente leve,
Pronto para livremente partir e ficar;
Com a consciência pesada, de quem nada deve.

O que resta já está estragado e serve,
Num Universo que se destrói e constrói;
Numa revolta pacífica da explosão mansa.
É o gelo que me esquece, que me insulta e ferve,
Na proximidade que me toca mas nunca alcança.

De postura incorrecta, correctamente,
Alongo o fugaz abreviado e breve,
Num rosário de contas sem futuro,
Vindo de um longínquo passado presente,
Em perfume de consistência, de brilho obscuro.

Um sorriso facial, artificial, desenhado.
Engolir em seco e olhar sem olhos.
Bonita? Não avalio a grandeza da ira,
Nem a ira da grandeza do abandonado,
Encontrada pela carência sem mira.

Duplicam-se e dividem-se os sentidos,
Num retorno, sem volta, completo.
O que importa está do lado de cá,
O lado dos pacientes e dos destemidos,
Com impaciências e medos, agarrados ao que há e não há.